“Plano de Aula: Variedades Linguísticas e Preconceito Linguístico”

A construção de um plano de aula que aborde o tema da variedade da língua falada, norma padrão e preconceito linguístico é fundamental para a formação de cidadãos críticos e respeitosos. Através desse plano, os alunos do 6º ano do Ensino Fundamental terão a oportunidade de refletir sobre como as diferentes maneiras de falar influenciam a comunicação e a convivência social. O reconhecimento das variedades linguísticas é uma competência essencial em um Brasil multicultural, com diversas formas de expressão linguística que refletem a rica diversidade do nosso povo.

Ao trabalhar este assunto em sala de aula, o educador deve trazer à tona as implicações do preconceito linguístico, que pode surgir quando algumas variedades de língua são consideradas inferiores a outras. Esse entendimento é crucial para que os alunos desenvolvam empatia e respeito pelas distintas formas de expressão que existem no Brasil e no mundo. A proposta de reflexão sobre a norma padrão e as variedades linguísticas também prepara os alunos para atuarem criticamente na sociedade.

Tema: Variedade da língua falada, norma padrão e preconceito linguístico.
Duração: 50 minutos
Etapa: Ensino Fundamental 2
Sub-etapa: 6º Ano
Faixa Etária: 11 a 12 anos

Objetivo Geral:

Planejamentos de Aula BNCC Infantil e Fundamental

O objetivo geral é promover a compreensão das variedades da língua falada, discutir a norma padrão e conscientizar os alunos sobre as consequências do preconceito linguístico em diversos contextos sociais.

Objetivos Específicos:

1. Identificar e reconhecer as diferentes variedades da língua falada no Brasil.
2. Compreender o conceito de norma padrão e sua importância na comunicação formal.
3. Discutir os efeitos do preconceito linguístico e desenvolver uma atitude respeitosa em relação às diferentes formas de falar.

Habilidades BNCC:

– (EF06LP01) Reconhecer a impossibilidade de uma neutralidade absoluta no relato de fatos e identificar diferentes graus de parcialidade/imparcialidade dados pelo recorte feito e pelos efeitos de sentido advindos de escolhas feitas pelo autor.
– (EF06LP02) Estabelecer relação entre os diferentes gêneros jornalísticos, compreendendo a centralidade da notícia.
– (EF06LP08) Identificar, em texto ou sequência textual, orações como unidades constituídas em torno de um núcleo verbal e períodos como conjunto de orações conectadas.
– (EF06LP12) Utilizar, ao produzir texto, recursos de coesão referencial (nome e pronomes), recursos semânticos de sinonímia, antonímia e mecanismos de representação de diferentes vozes (discurso direto e indireto).

Materiais Necessários:

– Quadro branco e marcadores
– Projetor multimídia (opcional)
– Textos curtos que exemplifiquem diferentes variedades linguísticas
– Gravações de áudio ou vídeo com diferentes sotaques e modos de falar
– Papel e canetas para anotações

Situações Problema:

1. O que é a norma padrão e por que é tão discutida nas escolas?
2. Como as diferenças de sotaque podem influenciar a percepção que temos sobre uma pessoa?
3. Quais são os estereótipos que cercam as diferentes maneiras de falar no Brasil?

Contextualização:

No Brasil, a língua portuguesa é falada de várias formas, dependendo da região, da classe social e do contexto de comunicação. Esses aspectos moldam o que entendemos como ‘norma padrão’ e ‘variedades linguísticas’. Esta aula se propõe a explorar essas diferenças e a conscientizar os alunos sobre o preconceito que muitas vezes é promovido em relação a determinados modos de falar.

Desenvolvimento:

1. Início da aula (10 minutos): Apresentar o tema utilizando um exemplo prático de diferentes sotaques nas várias regiões do Brasil. Utilizar gravações de áudio para que os alunos ouçam as diferenças.
2. Discussão em grupo (10 minutos): Dividir os alunos em grupos e solicitar que discutam as gravações, refletindo sobre suas percepções e sentimentos levando em conta cada sotaque e variedade linguística.
3. Apresentação da norma padrão (15 minutos): Explicar o conceito de norma padrão e apresentar exemplos de textos que utilizem esta norma. Comparar com as gravações ou textos que representam variedades regionais.
4. Debate sobre preconceito linguístico (10 minutos): Promover uma discussão em sala sobre como as percepções acerca das variedades linguísticas podem levar à discriminação. Perguntar aos alunos sobre experiências pessoais com o tema.
5. Conclusão da aula (5 minutos): Reforçar a importância do respeito e da valorização das diferentes formas de falar e a maneira como isso enriquece a cultura brasileira.

Atividades sugeridas:

1. Atividade 1: Apresentação de Variedades Linguísticas
Objetivo: Compreender e identificar as diferentes variedades de língua falada.
Descrição: Os alunos deverão criar um pequeno dicionário ilustrado das gírias e expressões populares da região onde vivem. Eles podem incluir imagens que representem essas gírias.
Instruções: Em grupos, pesquisar e levantar palavras e expressões que considerem interessantes e que sejam específicas da sua região. Apresentar para a turma o resultado.

2. Atividade 2: Debate sobre Preconceito Linguístico
Objetivo: Discutir os efeitos do preconceito linguístico.
Descrição: Organizar um debate onde os alunos são divididos entre a defesa e a contra defesa do preconceito linguístico.
Instruções: Os alunos devem apresentar argumentos sobre como o preconceito pode afetar a comunicação e a interação social. Após o debate, cada aluno escreverá uma breve reflexão sobre o que aprendeu.

3. Atividade 3: Produção Textual
Objetivo: Produzir textos que contemplem a norma padrão e as variedades linguísticas.
Descrição: Os alunos devem escrever um pequeno conto que inclua diálogos utilizando a norma padrão e, em momentos específicos, uma variedade linguística da sua escolha.
Instruções: Orientar os alunos sobre como produzir diálogos que respeitem as características de cada variedade. Após a produção, promover leitura em voz alta.

4. Atividade 4: Roda de Conversa
Objetivo: Fomentar a autoestima e o respeito pelas diversas maneiras de se expressar.
Descrição: Criar uma roda de conversa sobre a identidade cultural e como ela se relaciona com a linguagem.
Instruções: Incentivar que cada aluno compartilhe como sua forma de falar é parte importante de sua identidade.

5. Atividade 5: Análise de Vídeos
Objetivo: Identificar como a linguagem pode variar em diferentes contextos.
Descrição: Assistir a um vídeo que mostre diferentes sotaques e formas de falar.
Instruções: Após a visualização, os alunos deverão anotar qual linguagem foi utilizada e discutir em grupos sobre as impressões a respeito de cada jeito de se falar.

Discussão em Grupo:

Promover uma discussão sobre os diferentes tipos de linguagem que os alunos conhecem e suas experiências com elas. Quais formas de comunicação eles acreditam serem as mais respeitadas? Por que algumas variedades são privilegiadas sobre outras?

Perguntas:

1. Qual a importância da norma padrão na comunicação formal?
2. Como as variedades linguísticas podem enriquecer a nossa cultura?
3. Você já se sentiu desconfortável por causa da maneira como alguém se expressou? Como reagiu?
4. O que podemos fazer para combater o preconceito linguístico?

Avaliação:

A avaliação será realizada através da observação das discussões, participação nas atividades em grupo, produção de textos e a capacidade de argumentação dos alunos durante o debate.

Encerramento:

Reforçar a ideia de que cada variedade de língua representa uma parte da diversidade cultural brasileira. Encorajar os alunos a valorizarem suas próprias maneiras de falar e as dos outros, promovendo um ambiente de respeito e empatia.

Dicas:

1. Estimular a formação de um ambiente acolhedor e respeitoso ou no qual os alunos sintam-se seguros para expressar suas opiniões.
2. Incluir exemplos que sejam relevantes e que despertam a curiosidade dos alunos, como músicas ou trechos de livros que reflitam as variedades linguísticas.
3. Estar atento às reações dos alunos durante as discussões, para garantir que todos se sintam ouvidos e respeitados.

Texto sobre o tema:

Nosso país possui uma grande diversidade cultural e, consequentemente, linguiística. A língua portuguesa é falada de maneira diferente em cada região, refletindo as influências culturais locais. Essas variações são conhecidas como variedades linguísticas, e elas incluem sotaques específicos, expressões locais, gírias e até dialetos. Por exemplo, a forma como uma pessoa fala no Sudeste pode ser distinta da fala de alguém no Nordeste ou no Sul. Compreender essas nuances é fundamental, pois elas mostram como a língua evolui e se adapta ao contexto social.

A norma padrão é frequentemente vista como a forma “correta” ou “ideal” de se falar e escrever, especialmente em contextos acadêmicos e profissionais. Essa norma é influenciada por fatores históricos e sociais, e acumula características de diferentes regiões. No entanto, o uso da norma padrão não desmerece outras formas de expressão, que também têm validado e são ricas em significado. É essencial que professores e educadores incentivem o respeito por todas as variedades linguísticas, pois elas enriquecem a nossa cultura e ajudam a moldar nossa identidade social.

Por outro lado, o preconceito linguístico é um fenômeno que ocorre quando se julga um falante com base na maneira como ele expressa sua língua. Isso pode levar à discriminação, exclusão social e reforçar estereótipos negativos. É extremamente importante, portanto, que se discuta e se eduque sobre esse tema nas escolas, de forma a fomentar um ambiente respeitoso e igualitário. Essa inclusão deve começar desde cedo, para que as crianças construam uma visão crítica acerca das diferenças e aprendam a apreciar a riqueza que cada voz pode trazer à conversa coletiva.

Desdobramentos do plano:

Além da reflexão inicial proposta, outras atividades podem ser planejadas para ampliar a compreensão dos alunos sobre variedades linguísticas. Uma possibilidade é realizar uma pesquisa de campo, onde os alunos entrevistam familiares ou moradores sobre expressões locais, gírias e formas de falar. Isso pode resultar na produção de um mural que valoriza a oralidade e as histórias de vida que cada aluno traz para a sala de aula. Essa conexão com o cotidiano fortalece a relação dos alunos com a linguagem e estimula o respeito.

Outra iniciativa pode ser a realização de um “dia da diversidade linguística”, em que cada aluno traga e apresente um texto, música ou poesia que represente uma variedade da língua falada no Brasil. A partir dessa apresentação, promover um debate sobre o que esses exemplos podem ensinar sobre a cultura local e nacional, criando espaços para que todos se expressem e compartilhem suas vivências e identidades.

Por fim, a utilização de tecnologias, como aplicativos ou plataformas de gravação, pode auxiliar os alunos a criarem uma série de podcasts que abordam a temática das variedades linguísticas. Isso estimularia não só o aprendizado da língua, mas também desenvolveria habilidades de comunicação e expressão, permitindo que os alunos se tornem protagonistas da construção do conhecimento.

Orientações finais sobre o plano:

É fundamental que o docente esteja sempre atento à dinâmica da turma e às reações dos alunos durante as discussões. A sensibilidade ao lidar com questões como o preconceito linguístico é essencial, para que os alunos possam se sentir à vontade para se expressar e debater suas experiências. Além disso, deve-se incentivar a pesquisa e a troca de experiências entre alunos, pois a aula pode ser enriquecida por vivências diversas que trazem à tona o rico universo da língua portuguesa.

Em todo o momento, o professor deve estar preparado para mediar as discussões, garantindo que todas as vozes sejam ouvidas e respeitadas. Se necessário, o professor pode intervir para corrigir um discurso preconceituoso ou para promover um espaço de fala para alunos que se sintam oprimidos. É crucial que as aulas não sejam apenas informativas, mas que também formem cidadãos conscientes e respeitosos, preparados para atuar em uma sociedade plural.

Por fim, o plano de aula pode ser adaptado conforme as necessidades da turma e as especificidades do ambiente escolar. Caso surjam novas questões durante as aulas, o professor pode buscar incorporar esses temas nas futuras discussões, mostrando que o aprendizado sobre a linguagem e suas nuances é um processo contínuo e dinâmico.

5 Sugestões lúdicas sobre este tema:

1. Jogo do Sotaque: Os alunos devem formar grupos e se alternar em falar uma frase em diferentes sotaques brasileiros. Os grupos podem pontuar se adivinharem qual região representa cada fala. Objetivo: Explorar a variedade da língua falada de forma divertida, reconhecendo e valorizando as diversas formas de expressão.

2. Teatro de Improviso: Os alunos deverão criar uma pequenas cenas, utilizando diferentes variedades de linguagem. Cada cena pode representar Estudantes podem escolher um tema, como “um dia na escola” e devem improvisar em grupos, utilizando expressões e gírias de diferentes regiões. Objetivo: Demonstrar na prática como a linguagem é dinâmica e varia de acordo com a cultura e a região.

3. Colagem Linguística: Os alunos devem recortar revistas, jornais ou imprimir trechos da internet com exemplos de várias linguagens. Depois, devem colar em um cartaz e apresentar suas obras para a turma, explicando a escolha das palavras e expressões. Objetivo: Trabalhar a criatividade ao envolver o uso da linguagem escrita e visual.

4. Desenho da Análise Linguística: Os alunos podem desenhar uma “carta na mesa”, dividindo-o em quatro partes: a norma padrão do português, uma variedade regional, um exemplo de gíria e uma piada ou expressão que evidencia um preconceito linguístico. Objetivo: Refletir sobre a linguagem de maneira visual, permitindo que alunos pensem criticamente sobre como a língua varia e é usada.

5. Roda de Leituras: Cada aluno deve trazer um texto que exemplifique um uso não padrão da língua, pode ser uma música, um poema ou história que reflete a fala em seu cotidiano. Os alunos podem ler em voz alta e discutir como aquele texto reflete a cultura da região. Objetivo: Desenvolver a oralidade e o gosto pela leitura, além de fomentar um espaço democrático e crítico de debate sobre o preconceito linguístico.

Ao desenvolver esse plano de aula, busque sempre integrar as experiências dos alunos e as realidades concretas com as teorias da linguagem e da cultura, alimentando um ambiente de aprendizado significativo e respeitoso.

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