Plano de Aula: Literatura de Cordel e “O Auto da Compadecida” – 1º Ano (Médio)
A proposta deste plano de aula é proporcionar uma imersão enriquecedora e interativa na temática da Literatura de Cordel em conexão com a análise do filme “O Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna. A atividade de 100 minutos visa explorar a intersecção das linguagens e a rica tradição cultural brasileira, além de promover a crítica e análise de diferentes perspectivas e expressões artísticas. Com isso, buscamos instigar o interesse dos alunos em desenvolver um olhar atento e crítico às produções culturais e literárias do Brasil, utilizando como fio condutor as narrativas populares encontradas na literatura de cordel.
O nosso foco será não apenas apresentar as características da literatura de cordel, mas também relacioná-las com a narrativa do filme, permitindo que os alunos identifiquem elementos comuns e como eles se manifestam nas diversas formas de arte. Essa abordagem enfatiza a importância dos processos de produção cultural e como eles influenciam as perspectivas de mundo.
Tema: Literatura de Cordel e “O Auto da Compadecida”
Duração: 100 minutos
Etapa: Ensino Médio
Sub-etapa: 1º Ano do Ensino Médio
Faixa Etária: 16 a 17 anos
Objetivo Geral:
Proporcionar aos alunos uma compreensão das características da Literatura de Cordel e sua relação com a obra “O Auto da Compadecida”, promovendo a análise crítica de suas temáticas, estilos e influências culturais.
Objetivos Específicos:
1. Identificar e analisar as principais características da Literatura de Cordel.
2. Relacionar os conceitos da literatura de cordel com os temas abordados no filme “O Auto da Compadecida”.
3. Desenvolver a capacidade crítica dos alunos em relação à produção cultural brasileira, levando em conta seus contextos sociais e históricos.
Habilidades BNCC:
– EM13LGG101: Compreender e analisar processos de produção e circulação de discursos, nas diferentes linguagens, para fazer escolhas fundamentadas em função de interesses pessoais e coletivos.
– EM13LGG102: Analisar visões de mundo, conflitos de interesse, preconceitos e ideologias presentes nos discursos veiculados nas diferentes mídias, ampliando suas possibilidades de explicação, interpretação e intervenção crítica da/na realidade.
– EM13LGG203: Analisar os diálogos e os processos de disputa por legitimidade nas práticas de linguagem e em suas produções (artísticas, corporais e verbais).
– EM13LGG601: Apropriar-se do patrimônio artístico de diferentes tempos e lugares, compreendendo a sua diversidade, bem como os processos de legitimação das manifestações artísticas na sociedade, desenvolvendo visão crítica e histórica.
Materiais Necessários:
– Cópias de textos representativos da literatura de cordel.
– Trechos do filme “O Auto da Compadecida”.
– Projetor e tela para exibição.
– Quadro branco e marcadores.
– Papel e caneta para anotações.
Situações Problema:
1. Como a literatura de cordel reflete a cultura popular e a identidade brasileira?
2. Quais elementos do “Auto da Compadecida” podem ser observados na estrutura e nas temáticas da literatura de cordel?
3. De que forma o humor é utilizado na literatura de cordel e no filme?
Contextualização:
A literatura de cordel é um gênero literário popular no Brasil, que surgiu no Nordeste e se caracteriza pela sua forma de poema rimado, frequentemente acompanhado de xilogravuras. Ariano Suassuna, um de seus maiores representantes, utiliza elementos dessa tradição em sua obra “O Auto da Compadecida”, permitindo um diálogo rico entre a oralidade, o teatro e a literatura. A aula se propõe a investigar essa conexão e a importância da literatura de cordel na formação da identidade cultural brasileira.
Desenvolvimento:
1. Introdução ao tema (10 minutos):
– Apresentar brevemente a literatura de cordel, sua origem, características e importância cultural.
– Exibir imagens de cordéis e discutir a estética e a forma.
2. Exibição de trechos do filme “O Auto da Compadecida” (20 minutos):
– Assistir a uma cena específica que exemplifique o uso de humor e crítica social.
– Pedir que os alunos anotem suas observações sobre os diálogos e situações.
3. Análise conjunta do filme (20 minutos):
– Discutir em grupo como os elementos da literatura de cordel são transpostos para o filme.
– Abordar temas como fé, justiça, e crítica social.
4. Atividade de leitura (30 minutos):
– Distribuir textos de cordel e solicitar que os alunos leiam e identifiquem temas semelhantes ao filme.
– Após a leitura, realizar uma troca de ideias em duplas, em que eles discutirão os pontos em comum.
5. Produção criativa (20 minutos):
– Pedir que os alunos escrevam um pequeno cordel inspirado em “O Auto da Compadecida”, utilizando as características aprendidas (rima, métrica, etc.).
– Incentivar a apresentação oral dos cordéis, valorizando a oralidade.
Atividades sugeridas:
1. Roda de Leitura: Promover uma roda de leitura do filme e textos de cordel, onde cada aluno pode expressar suas impressões e reflexões.
2. Criação de Cordel: Criar um cordel em grupos, onde cada grupo vai criar e apresentar um cordel sobre um tema relevante da atualidade, como meio ambiente ou direitos humanos.
3. Debate sobre Temas Sociais: Organizar um debate em sala de aula sobre a relevância de temas sociais abordados tanto no filme quanto na literatura de cordel.
4. Teatro Improvisado: Realizar ensaios de pequenas peças teatrais baseadas nos cordéis lidos, encenando as histórias de maneira criativa.
5. Produção de Videoaula: Criar um vídeo expressando o entendimento da literatura de cordel e suas características, usando aplicativos de edição simples.
Discussão em Grupo:
– Como a literatura de cordel serve como uma forma de resistência cultural?
– De que maneira a crítica social é abordada tanto na literatura de cordel quanto no filme?
Perguntas:
1. Quais as semelhanças entre o humor no “Auto da Compadecida” e nas obras de cordel?
2. Como a estrutura da peça de Suassuna se relaciona com a tradição do cordel?
3. Que lições podemos tirar sobre a sociedade brasileira a partir dessas duas manifestações culturais?
Avaliação:
A avaliação será baseada na participação nas discussões em grupo, na criatividade nas atividades de produção de cordéis e no envolvimento nas atividades práticas. O objetivo é que os alunos demonstrem uma compreensão crítica dos textos e do filme, além da habilidade de se expressar artisticamente.
Encerramento:
Finalizar a aula com uma breve reflexão sobre a importância da literatura de cordel como gênero representativo da cultura popular brasileira e sua relevância na contemporaneidade. Incentivar os alunos a continuar explorando essa forma literária e suas filosofias.
Dicas:
– Incentive os alunos a trazer cordéis que conhecem ou que acham interessantes para discuti-los na próxima aula.
– Propor que eles pesquisem um pouco mais sobre a vida de Ariano Suassuna e outros autores de cordel.
Texto sobre o tema:
A literatura de Cordel é uma forma fascinante de arte que encontrou suas raízes nas tradições orais trazidas pelos colonizadores portugueses e africanos. No Brasil, esse gênero se consolidou principalmente no Nordeste, onde poetas populares, comumente chamados de cordelistas, cantavam suas histórias em forma de versos, ilustradas por xilogravuras coloridas. Cada cordel é, em essência, uma narrativa que reflete não apenas as lutas e alegrias do povo, mas também suas crenças, ideais e críticas sociais. A riqueza da literatura de cordel reside em sua capacidade de capturar a essência da cultura e sociedade após as transformações pelas quais o Brasil passou ao longo dos séculos.
Um dos mais proeminentes representantes da literatura de cordel é Ariano Suassuna. Na sua obra “O Auto da Compadecida”, ele tece uma crítica social mordaz usando a leveza do humor e a profundidade da religião, envolvendo o espectador em uma trama que, apesar de sua comicidade, aborda questões absurdas da vida humana, do conceito do bem e do mal, e da busca pela justiça. O filme baseado nessa peça transita por universos ricos conhecendo a oralidade e a arte dramática, e é um excelente exemplo de como a Literatura de Cordel pode ser uma poderosa ferramenta de crítica social, conectando os povos e preservando suas histórias.
Neste contexto, a aula proposta busca ser um espaço de reflexão e expressão, onde os alunos não apenas aprendem sobre a literatura de cordel, mas também se tornam agentes criativos, produzindo seus próprios textos e imersos em um ambiente de diálogo e troca cultural. A atividade promove o reconhecimento do valor das tradições populares e do impacto que elas têm na formação da identidade cultural do Brasil.
Desdobramentos do plano:
Os desdobramentos dessa aula podem se estender para várias outras áreas do conhecimento. Através da literatura de cordel, os alunos podem desenvolver habilidades de escrita criativa e oratória, além de se tornarem mais críticos em relação à produção cultural que consomem. O engajamento com a arte popular pode levar a discussões sobre identidade cultural e a valorização do patrimônio imaterial, elementos fundamentais na formação de um cidadão consciente de seu papel na sociedade. Além disso, ações como visitas a feiras de cordéis ou à participação em sarais podem ser incentivadas, aprofundando o contato dos alunos com essa manifestação cultural vivencial e autêntica.
No âmbito da interdisciplinaridade, ligando a literatura com temas de história e ciências sociais, os alunos podem investigar as condições socioeconômicas e culturais do Nordeste e as motivações que levaram ao seu desenvolvimento literário e social. A literatura de cordel, em particular, abre um leque de possibilidades para que os alunos compreendam e explorem as relações entre tradição cultural e modernidade, identificando como as narrativas populares permanecem relevantes na sociedade contemporânea.
Ao promover a criação de cordéis e a análise crítica do filme, o plano de aula pode também estimular a expressão artística dos alunos em múltiplas formas, como teatro, música e artes visuais, reforçando a valorização das diferentes expressões culturais e promovendo um aprendizado significativo e prazeroso.
Orientações finais sobre o plano:
É fundamental que os educadores adotem uma postura de mediação e incentivo às diferentes vozes e expressões que emergem nas discussões com os alunos. A literatura de cordel e o filme “O Auto da Compadecida” são ricos em nuance e em crítica social, sendo propícios para a construção de um espaço dinâmico onde curiosidade e reflexão possam ser alimentadas.
Os resultados das atividades propostas devem ser valorizados e compartilhados não apenas entre os alunos, mas também com a comunidade escolar. Isso pode ser feito através da criação de um mural ou uma exposição do trabalho dos alunos, facilitando o diálogo intergeracional e permitindo que mais pessoas conheçam a rica tradição do cordel e sua conexão com a cultura brasileira contemporânea.
Por fim, promova a ideia de que a literatura de cordel não é apenas um tema de aula, mas um convite à prática da leitura e da escrita em sua forma mais espontânea e verdadeira, lembrando sempre que cada texto é uma janela para a realidade e as histórias que nos cercam, prontas para serem contadas e recontadas.
5 Sugestões lúdicas sobre este tema:
1. Teatro de Cordel: Realizar um espetáculo onde cada grupo de alunos reinterpreta uma história clássica da literatura de cordel, criando cenários e se vestindo como os personagens principais. O objetivo é vivenciar a história em formato teatral.
2. Oficina de Criação: Desenvolver uma oficina na qual os alunos possam criar seus próprios cordéis a partir de uma música popular, transformando letras em versos cordelistas.
3. Feira de Cordel: Montar uma feira temática onde alunos possam expor e vender seus próprios cordéis e aprender a arte de xilogravura.
4. Roda de Contação de Histórias: Organizar uma roda onde os alunos possam contar histórias de cordéis que trouxeram e discutir suas interpretações.
5. Desafio de Rimas: Promover uma competição onde os alunos devem criar rimas que abordem temas atuais e sociais, instigando a crítica e a criatividade.
Essas sugestões visam tornar o aprendizado sobre a literatura de cordel mais interativo e divertido, permitindo que os alunos se apropriem da cultura de maneira criativa e envolvente.