“Plano de Aula Inclusivo para Crianças com TEA no 5º Ano”
A proposta deste plano de aula visa a criação de um ambiente inclusivo e acessível para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no 5° ano do Ensino Fundamental. Para isso, nossas atividades foram pensadas para atender tanto a diversidade de perfis de aprendizagem como a necessidade de maior atenção às especificidades de comunicação e interação social das crianças autistas. O foco estará na adaptação do gênero textos instrucionais, explorando sua relação com jogos e brincadeiras, promovendo assim um aprendizado significativo e lúdico.
Tema: Aula para Criança Autista
Duração: 70 horas
Etapa: Ensino Fundamental 1
Sub-etapa: 5º Ano
Faixa Etária: 10 anos
Objetivo Geral:
Promover o desenvolvimento das habilidades de leitura e produção de textos instrucionais, com foco na autonomia e na compreensão das regras de jogos e brincadeiras, favorecendo a inclusão de crianças com TEA no ambiente escolar.
Objetivos Específicos:
– Fomentar a leitura e compreensão de textos instrucionais simples.
– Estimular a produção de regras de jogos como forma de expressão escrita.
– Incentivar a interação social e a comunicação entre os alunos durante atividades em grupo.
– Adaptar os métodos de ensino para atender diferentes estilos de aprendizagem e necessidades de cada aluno.
Habilidades BNCC:
– (EF05LP09) Ler e compreender, com autonomia, textos instrucionais de regras de jogo, entre outros gêneros do campo da vida cotidiana, de acordo com as convenções do gênero e considerando a situação comunicativa e a finalidade do texto.
– (EF05LP12) Planejar e produzir, com autonomia, textos instrucionais de regras de jogo, dentre outros gêneros do campo da vida cotidiana.
Materiais Necessários:
– Materiais diversos (papel, canetas, lápis de cor, tesoura, cola).
– Recursos audiovisuais (vídeos educativos e imagens que ilustrem as regras dos jogos).
– Jogos de tabuleiro simples e jogos de cartas.
– Acessórios e recursos adaptados para auxiliar na comunicação (como painéis de comunicação e cartões de instrução).
– Computadores ou tablets, caso a escola disponha.
Situações Problema:
– Como podemos criar nossas próprias regras para um jogo já existente?
– Qual a importância de seguir as instruções para que todos possam brincar juntos?
– Como podemos explicar as regras de um jogo para alguém que não conhece?
Contextualização:
O uso de textos instrucionais é comum em diversas situações do nosso cotidiano, desde a leitura de manuais até a compreensão de instruções para jogos. É fundamental ensinar às crianças com TEA a importância desses textos, uma vez que isso pode ajudar a melhorar suas habilidades sociais e de comunicação. Por meio da prática, os alunos irão explorar e perceber como elaborar e seguir regras pode torná-los mais confiantes em interações sociais.
Desenvolvimento:
O desenvolvimento das aulas será dividido em etapas, uma vez que o objetivo é trabalhar exclusivamente com textos instrucionais e suas especificidades.
Primeiro dia: Introdução ao tema. Começar por uma discussão aberta sobre jogos que as crianças gostam. O professor deverá apresentar diferentes jogos simples, usando recursos visuais que mostrem as regras. Após a apresentação, haverá uma dinâmica de grupo onde as crianças se dividirão em equipes para jogar enquanto seguem as regras de um jogo específico.
Segundo dia: Investigação das regras. Levar textos instrucionais impressos de diferentes jogos. As crianças deverão ler o material e discutir em grupos pequenos quais são as partes mais importantes das regras e o que é necessário para jogar. O professor irá circular entre os grupos, ajudando-os a identificar as partes-chave.
Terceiro dia: Criando novas regras. Baseando-se em jogos que já conheceram, cada grupo terá a tarefa de criar suas próprias regras. O professor dará apoio na redação do texto e na organização das informações. Os alunos poderão criar um pequeno panfleto que poderá ser apresentado para a turma.
Quarto dia: Apresentações. Cada grupo apresentará suas regras ao restante da turma. Durante as apresentações, o professor incentivará a escuta ativa, usando técnicas que ajudem os alunos a se concentrarem nas explicações dos colegas. Um painel pode ser organizado para que as regras criadas fiquem expostas.
Quinto dia: Práticas de revisão. Em grupos, os alunos vão revisar a atividade e refletir sobre o aprendizado. O professor fará perguntas sobre a experiência dos jogos e das apresentações, reforçando a importância de seguir regras.
Atividades sugeridas:
– Atividade 1: Jogo da Memória dos Textos Instrucionais
Objetivo: Ajudar os alunos a lembrar as partes importantes de um texto instrucional.
Descrição: Criar cartas com partes das regras e seus respectivos jogos. Os alunos devem encontrar os pares correspondentes.
Materiais: Cartas de papel.
Adaptação: Incluir imagens que ajudem a ilustrar as regras.
– Atividade 2: Reescrevendo as Regras
Objetivo: Desenvolver a habilidade de escrita.
Descrição: Escolher um jogo popular e pedir que os alunos reescrevam as regras em suas palavras, simplificando o texto.
Materiais: Papel e canetas.
Adaptação: Permitir que usem aplicativos de fala que ajudem a registrar suas ideias.
– Atividade 3: Cronologia das Regras
Objetivo: Identificar a sequência das ações no jogo.
Descrição: Criar uma tabela onde as várias etapas de um jogo serão desenhadas e escritas em ordem.
Materiais: Papel de cartolina, canetas coloridas.
Adaptação: Usar imagens e sinais visuais para diferentes etapas.
– Atividade 4: Teatro das Regras
Objetivo: Promover o entendimento através da dramatização.
Descrição: Os alunos encenarão o jogo, respeitando e mostrando as regras que foram criadas.
Materiais: Acessórios simples para encenação.
Adaptação: Criar cartões visuais com as instruções.
– Atividade 5: Criação de um Jogo
Objetivo: Aplicar o aprendizado em um novo contexto.
Descrição: Os alunos projetarão e criarão um jogo novo com suas próprias regras e instruções. Eles poderão jogar o jogo elaborado e apresentá-lo para a classe.
Materiais: Materiais de artesanato e papel.
Adaptação: Inclua instruções visuais e auditivas durante o processo.
Discussão em Grupo:
– Por que é importante entender as regras antes de jogar?
– O que aconteceu quando não seguimos as regras em nosso jogo?
– Como podemos melhorar a nossa comunicação quando jogamos juntos?
Perguntas:
– O que você aprendeu sobre as regras de um jogo?
– Como você se sente quando seguiu todas as instruções corretamente?
– Por que você acha que algumas regras são mais difíceis de entender do que outras?
Avaliação:
A avaliação será contínua e formativa, focando na participação dos alunos durante as atividades em grupo, na capacidade de seguir e criar regras, na elaboração de textos instrucionais e na apresentação. O professor utilizará observações, registros de interações, entrevistas e feedback dos alunos para entender o progresso de cada um.
Encerramento:
No final da última aula, haverá um momento para reflexão sobre tudo que foi aprendido. Os alunos poderão compartilhar suas experiências e sentimentos sobre o que mais gostaram. Será entregue uma cartinha para cada aluno com feedback positivo e sugestões de melhoria.
Dicas:
– Utilize recursos visuais e táteis para facilitar a compreensão.
– Sempre valide todas as respostas dos alunos, promovendo um ambiente seguro e acolhedor.
– Permita um tempo extra para alunos que necessitam de mais reflexão e adaptação durante as atividades.
Texto sobre o tema:
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição que afeta a comunicação e a interação social de uma criança. Cada criança no espectro apresenta um conjunto único de habilidades e desafios. Portanto, é fundamental fornecer um ambiente educacional inclusivo, que adapte o currículo e as metodologias de ensino para atender às necessidades de cada aluno. O ensino de habilidades de leitura e escrita é essencial, e abordar textos instrucionais como regras de jogos e brincadeiras pode tornar o aprendizado mais acessível e interessante. Ao permitir que os alunos explorem e pratiquem essas habilidades de forma lúdica, estamos ajudando não apenas na aquisição do conhecimento, mas também na construção de habilidades sociais e emocionais que são essenciais para a vida cotidiana.
No cenário escolar, o desafio é encontrar formas que estimulem e mantenham a atenção dos alunos autistas, ao mesmo tempo em que promovem um ambiente seguro. O uso de jogos e materiais visuais não apenas facilita a compreensão, mas também encoraja a interação social. Isso é vital, pois as crianças autistas muitas vezes enfrentam dificuldades em interagir com os outros, e oferecer um formato que estimule a participação, como o aprendizado baseado em jogos, pode ser uma solução valiosa.
Valorizando a experiência de aprender em um ambiente adaptado, espera-se que as crianças desenvolvam maior confiança em suas habilidades de comunicação, melhorando assim seu desempenho acadêmico e assegurando que sejam incluídas em atividades com os colegas. Por meio da prática constante, os educadores possibilitam que essas crianças se tornem mais autônomas em sua aprendizagem. Com isso, elas irão gradualmente se sentir mais seguras e capacitadas no ambiente escolar e em suas interações sociais. A escolha de textos instrucionais como tema é estratégica, uma vez que esses tipos de textos permeiam a vida cotidiana e são fundamentais para a compreensão e organização das informações.
Desdobramentos do plano:
A aplicação deste plano pode se desdobrar em diversas áreas do ensino, ampliando a interação social e a capacidade de compreensão textual dos alunos. Ao longo dos dias, ao praticar jogos e regras, os alunos autistas podem desenvolver habilidades que se aplicam não apenas na escola, mas em outras esferas de suas vidas. A prática com textos instrucionais pode preparar os alunos para o cotidiano, pois são frequentemente expostos a instruições, informações e diretrizes em suas atividades diárias.
Além disso, a inclusão do jogo no aprendizado abre espaço para a aprendizagem colaborativa, onde os alunos podem vivenciar a construção da aprendizagem de forma conjunta e divertida. Este tipo de abordagem pode diminuir barreiras e promover um ambiente onde a comunicação e as interações sociais aconteçam de maneira mais natural. É fundamental que o educador crie um espaço de aprendizado adaptado, respeitando e criando oportunidades onde cada aluno possa expandir suas habilidades de forma individual e socialmente interativa.
A construção de um espaço seguro que permite a exploração da comunicação, leitura e escrita em contextos significativos pode trazer a possibilidade de transformações positivas no desenvolvimento das crianças com TEA. Ao fomentar a autonomia e o entendimento de suas interações, não apenas o aprendizado em sala de aula profiticientiza, mas colabora para o fortalecimento da autoestima e confiança dos alunos em sua capacidade de se expressar e entender o mundo ao seu redor.
Orientações finais sobre o plano:
Conclui-se que a educação de alunos com TEA requer uma atenção especial às suas particularidades e formas de aprendizado. Ao desenvolver um plano de aula centrado em suas necessidades, o educador tem o potencial de enriquecer o processo de formação desses alunos. Cada atividade proposta busca não apenas o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita, mas também o impulso para a interação social essencial para a formação da identidade e da confiança no espaço escolar.
Ademais, a flexibilidade na aplicação do plano é importante. O educador deve estar preparado para ajustar as atividades de acordo com a necessidade do grupo, promovendo um ambiente dinâmico e que favoreça a participação de todos os alunos. O envolvimento dos alunos nas atividades de forma empática e respeitosa é determinante para o sucesso do aprendizado.
Por fim, a reflexão sobre os resultados das atividades deve ser feita não apenas com os alunos, mas também com outros educadores e profissionais da escola para avaliar as práticas e buscar melhorias contínuas no processo. Essa atitude colaborativa é fundamental para que todos os alunos, independentemente de suas características individuais, se sintam valorizados em seu ambiente de aprendizado.
5 Sugestões lúdicas sobre este tema:
– Atividade de Histórias em Quadrinho: Criar uma história em quadrinhos onde os personagens precisam seguir as regras de um jogo. Os alunos podem desenhar e escrever as falas, estimulando a capacidade de leitura e produção textual através da criatividade.
– Jogo do Bingo das Regras: Criar um bingo com diferentes comandos e regras que os alunos geralmente encontram em jogos. Conforme as regras são chamadas, os alunos devem identificar e marcar em suas cartelas.
– Caça ao Tesouro: Elaborar um jogo de caça ao tesouro onde as pistas são escritas como textos instrucionais. Os alunos precisam ler e seguir os passos para encontrar o tesouro escondido.
– Jogo dos Gestos: Jogar um jogo onde os alunos se dividem em equipes e precisam criar mímicas que representem as regras de um jogo, enquanto a outra equipe tenta adivinhar qual é.
– Construindo um Jogo de Tabuleiro: Os alunos trabalharão em grupos para criar um tabuleiro onde eles usarão as regras que desenvolveram, e depois poderão jogar uns com os outros, incentivando a prática e o aprendizado colaborativo.
Essas atividades tornam o aprendizado mais rico e dinâmico, levando em consideração diferentes formas de interação e expressão do conhecimento, respeitando a individualidade de cada aluno enquanto trabalham juntos em um ambiente inclusivo e estimulante.