Plano de Aula: “Habilidades Sociais e Emocionais para Crianças com TEA”

Este plano de aula é desenvolvido para atender crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) de grau leve, com foco na faixa etária de 4 a 8 anos. A proposta é trabalhar com estratégias educacionais pautadas no respeito mútuo, visando promover a interação social, a autonomia e o desenvolvimento das habilidades socioemocionais. O contexto das atividades deve sempre considerar a individualidade das crianças, especificamente aquelas que podem apresentar diferentes formas de comunicação e interação, estimulando sempre a inclusão e o desenvolvimento pessoal.

A estrutura das atividades está baseada em um cronograma semanal, onde o objetivo principal é usar o respeito mútuo como ferramenta para lidar com conflitos nas interações, promovendo uma convivência pacífica e colaborativa entre crianças e adultos. Esta abordagem se alinha com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), permitindo a inclusão dos conteúdos de forma que sejam contextualizados e significativos para os alunos.

Tema: Criança com Transtorno do Espectro Autista – TEA – Grau Leve
Duração: 25 horas
Etapa: Educação Infantil
Sub-etapa: Crianças Pequenas
Faixa Etária: 4 a 8 anos

Objetivo Geral:

Planejamentos de Aula BNCC Infantil e Fundamental

Contribuir para o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais em crianças com TEA grau leve, utilizando estratégias que promovam o respeito mútuo e a resolução de conflitos nas interações diárias.

Objetivos Específicos:

– Fomentar a empatia entre as crianças, fazendo-as perceber as diferenças nas emoções e necessidades de seus colegas.
– Estimular a capacidade de comunicação através de diferentes formas de expressão, como arte e dramatização.
– Promover o autocuidado e a autonomia, incentivando as crianças a expressarem suas preferências e a cuidarem de suas necessidades.
– Ensinar aos alunos como usar estratégias de resolução de conflitos em situações de desentendimento, fomentando a cooperatividade.

Habilidades BNCC:

– (EI03EO01) Demonstrar empatia pelos outros, percebendo que as pessoas têm diferentes sentimentos, necessidades e maneiras de pensar e agir.
– (EI03EO05) Demonstrar valorização das características de seu corpo e respeitar as características dos outros (crianças e adultos) com os quais convive.
– (EI03EO07) Usar estratégias pautadas no respeito mútuo para lidar com conflitos nas interações com crianças e adultos.
– (EI03CG01) Criar com o corpo formas diversificadas de expressão de sentimentos, sensações e emoções, tanto nas situações do cotidiano quanto em brincadeiras, dança, teatro, música.
– (EI03EF01) Expressar ideias, desejos e sentimentos sobre suas vivências, por meio da linguagem oral e escrita (escrita espontânea), de fotos, desenhos e outras formas de expressão.

Materiais Necessários:

– Papel colorido e tesoura.
– Tintas e pincéis.
– Bonecos ou fantoches para dramatizações.
– Livros ilustrados que proporcionem diálogos sobre emoções.
– Materiais para jogos diversos (bolas, cordas, objetos de montar).
– Espaço para atividades ao ar livre e para movimentos.

Situações Problema:

1. Um grupo de crianças não concorda sobre qual atividade brincar. Como podemos resolver essa situação utilizando o respeito mútuo?
2. Uma criança está triste porque perdeu o brinquedo. O que podemos fazer para ajudá-la a se sentir melhor e incluí-la no grupo?

Contextualização:

É importante compreender que as crianças com TEA podem apresentar desafios em suas interações sociais. Portanto, as atividades devem promover um ambiente seguro e acolhedor, onde a diversidade é respeitada e celebrada. A ênfase no respeito mútuo e na empatia é crucial para ensinar estas crianças a reconhecer e respeitar as emoções e necessidades dos outros, estabelecendo relações saudáveis.

Desenvolvimento:

O plano de aula será dividido em uma programação semanal, onde cada dia será dedicado a uma atividade específica:

Atividades sugeridas:

Segunda-feira: O que é empatia?
Objetivo: Introduzir o conceito de empatia através de histórias.
Descrição: Ler um livro que mostra diferentes emoções (ex. “O Dia em que a Minha Mãe Perguntou se Eu Era uma Lagarta”).
Instrucões: Após a leitura, crianças devem desenhar uma situação em que se sentiram felizes ou tristes e compartilhar com o grupo.
Materiais: livro, papel e lápis de cor.
Adaptação: Para crianças que não se comunicam verbalmente, permita o uso de desenhos ou gestos.

Terça-feira: O corpo fala.
Objetivo: Explorar a comunicação não verbal.
Descrição: Atividades de mímica utilizando sentimentos.
Instrucões: Apresentar emoções como raiva, tristeza e alegria através de gestos, enquanto as crianças tentam adivinhar.
Materiais: espaço livre para movimentação.
Adaptação: Se necessário, usar cartões com imagens de emoções para guiar a atividade.

Quarta-feira: O que fazer quando estamos tristes?
Objetivo: Ensinar estratégias de coping.
Descrição: Conversar sobre o que fazer quando alguém se sente triste, produzindo um cartaz coletivo.
Instrucões: Cada criança contribui com uma ideia de como ajudar um amigo.
Materiais: papel grande, canetas coloridas.
Adaptação: Crianças podem usar imagens de revistas para ilustrar suas ideias.

Quinta-feira: Jogos de apoio mútuo.
Objetivo: Aumentar a cooperação entre as crianças.
Descrição: Jogos em duplas e grupos que promovem a ajuda mútua.
Instruções: Organizar um jogo de construção onde cada criança tem um papel a desempenhar.
Materiais: blocos de montar ou outros materiais.
Adaptação: Em caso de dificuldade, ofereça suporte direto para indicar o que a criança pode fazer.

Sexta-feira: Teatro de fantoches.
Objetivo: Explorar e expressar emoções.
Descrição: Criar e apresentar uma peça sobre resolução de conflitos.
Instruções: As crianças criam personagens e uma história, apresentando aos colegas.
Materiais: bonecos ou fantoches.
Adaptação: As crianças podem utilizar gestos simples ou expressões faciais se não se sentirem confortáveis para falar.

Discussão em Grupo:

Após cada atividade, conduzir uma discussão sobre como se sentiram durante as experiências. Promover que cada criança expresse suas ideias e sentimentos, incentivando o respeito e a escuta ativa.

Perguntas:

1. Como você se sentiu quando ajudou seu amigo?
2. O que você faria se visse alguém triste na sua sala?
3. Por que é importante respeitar as opiniões dos colegas?

Avaliação:

A avaliação será contínua e baseada na observação das interações entre as crianças. O professor deverá avaliar a participação, a manifestação de empatia e a capacidade de utilizar estratégias de respeito mútuo nas atividades propostas.

Encerramento:

Ao final das atividades, promover um momento de reflexão coletiva onde as crianças podem compartilhar o que aprenderam sobre si mesmas e sobre os outros. Incentivar que expressem como lidaram com conflitos e a importância do respeito.

Dicas:

Fazer uso de recursos visuais e auditivos para facilitar a compreensão. Utilizar músicas relacionadas às emoções e criar espaços de expressão livre onde as crianças possam se sentir confortáveis para se comunicar. Incentivar o uso de histórias que abordem a diversidade e o respeito.

Texto sobre o tema:

A inclusão das crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma responsabilidade de todos os educadores. De acordo com as diretrizes da BNCC, o objetivo é promover o aprendizado respeitoso e colaborativo. As crianças precisam entender que cada indivíduo tem características únicas, sendo essenciais na construção de uma sociedade justa e igualitária. Isto pode ser estimulado desde a Educação Infantil, onde práticas pedagógicas voltadas para a empatia e comunicação são primordiais. Através de contos, dramatizações e brincadeiras, podemos guia-las a reconhecer e respeitar os sentimentos dos outros, criando um ambiente que favoreça o desenvolvimento emocional e social.

Além disso, é crucial que as atividades propostas sejam inclusivas, permitindo que cada criança participe de forma ativa de acordo com seu bom desenvolvimento. A inclusão das diferenças, seja de capacidades, comportamentos ou emoções, precisa ser tratada com sensibilidade e respeito. A expectativa é que, ao longo do tempo, as crianças exercitem estas interações e construam uma base sólida para o aprendizado de habilidades sociais que serão relevantes em sua vida futura.

Por fim, é importante notar que o papel do educador vai além da simples transmissão do conteúdo, mas sim se estende à promoção de valores como o respeito e a cooperação. O compromisso com uma educação inclusiva está intrinsicamente ligado à formação integral das crianças, fazendo delas cidadãos conscientes e respeitosos, capazes de lidar com a diversidade de maneira construtiva. Portanto, entendendo e praticando a inclusão desde cedo, estamos moldando um futuro mais harmonioso.

Desdobramentos do plano:

As atividades sugeridas para lidar com crianças com TEA grau leve não se encerram em um ciclo semanal. É essencial que o educador avalie continuamente o progresso e a interação social das crianças, buscando desdobramentos a longo prazo que possam envolver as famílias e o ambiente fora da sala de aula. Para isso, os educadores devem fomentar um ambiente em que as crianças se sintam seguras para expressar seus sentimentos e emoções, um espaço que respeite e sublime as características de cada um. Isso pode ser alcançado por meio de encontros regulares com as famílias, onde elas são convidadas a participar de atividades que promovam o respeito mútuo e a empatia.

Além disso, repensar frequentemente as práticas pedagógicas e adaptá-las a cada grupo de crianças é fundamental para o sucesso do aprendizado. As atividades devem ser constantemente modificadas para refletir a realidade do grupo, permitindo que cada criança tenha a oportunidade de se envolver de acordo com sua capacidade de interação e autoestima. Portanto, a reflexão e a observação atenta se tornam aliadas no processo de ensino-aprendizagem.

Por fim, a formação continuada dos educadores é crucial para que consigam lidar de forma adequada com a diversidade presente em sala de aula. Investir em capacitação que ofereça novas estratégias de ensino ao trabalhar com crianças que apresentam TEA possibilitará um atendimento mais qualificado e efetivo, garantindo que todos os alunos tenham igualdade de oportunidades no processo educacional.

Orientações finais sobre o plano:

Ao elaborar um plano de aula para crianças com Transtorno do Espectro Autista, é fundamental ter em mente a importância da individualização das atividades. Cada criança apresenta um universo particular que deve ser considerado, adaptando as propostas conforme suas respostas e desenvolvimento. Neste contexto, o papel do educador é crucial para assegurar que todos se sintam acolhidos e respeitados. Parte desse acolhimento se dá pela formação inicial e continuada, onde o educador aprende a usar ferramentas e métodos que diferenciem e façam sentido para cada criança, criando um ambiente de aprendizado inclusivo.

Outro ponto relevante é a participação das famílias no processo educativo. O envolvimento dos pais é uma estratégia eficaz para reforçar o aprendizado no lar e fortalecer a ligação entre o contexto escolar e familiar. Oferecer oportunidades para que as famílias entendam as práticas pedagógicas e seus objetivos contribui para o fortalecimento da confiança entre escola e casa, criando um ciclo positivo de aprendizado.

Por fim, é importante ressaltar que as habilidades sociais não devem ser desenvolvidas apenas em atividades específicas, mas devem permear todas as interações diárias das crianças. A prática constante de respeito, empatia e convivência harmônica deve estar presente em todos os momentos dentro da sala de aula, para que cada criança aprenda, não apenas por meio das palavras, mas, sobretudo, pelas suas ações e comportamentos no cotidiano, formando-se assim como futuros cidadãos respeitosos e cooperativos.

5 Sugestões lúdicas sobre este tema:

1. Jogo da Empatia: Propor um jogo onde as crianças devem imitar diferentes expressões faciais de emoções. O objetivo é que elas reconheçam e nomeiem as emoções apresentadas. Para isso, use cartões de emoções que podem ser desenhados e pintados previamente. As crianças devem expressar o que fazem quando se sentem daquela forma.

2. Dança das Emoções: Uma atividade que envolve movimento e música. As crianças devem dançar de acordo com a emoção que a música está transmitindo, seja alegria, tristeza, raiva, etc. Alternativamente, os educadores podem tocar canções específicas que refletem essas emoções e as crianças devem se mover de acordo.

3. Teatro de Fantoches em Família: Organizar um espetáculo onde as crianças, com a ajuda de suas famílias, criam fantoches e uma pequena apresentação. Esse projeto deve ser trabalhado durante algumas semanas e culminará em uma apresentação para os colegas, abordando temas sobre empatia e respeito.

4. História Coletiva: Criar uma história em grupo onde cada criança deve contribuir com uma parte, promovendo a ideia de que todos têm algo a oferecer. Utilizar figuras para ajudar na construção da narrativa e permitir que cada criança conte sua parte com encenações e movimento.

5. Caixa de Sentimentos: Criar uma caixa onde as crianças podem depositar desenhos, mensagens ou objetos que representem suas emoções. Este recurso pode ser utilizado para discussões em grupo, ajudando-os a reconhecer seus sentimentos e a forma como lidam com eles diariamente.

Ao planejar as aulas e as atividades, os educadores devem sempre estar atentos à individualidade de cada criança, adaptando as propostas e métodos de ensino conforme necessário. Dessa forma, o aprendizado sobre o respeito mútuo e a empatia pode ser eficaz e transformador para as crianças com TEA e seus colegas.

Botões de Compartilhamento Social