Plano de Aula: Deficiência Visual (Educação Infantil)
A Educação Inclusiva é um tema de extrema relevância na formação integral das crianças, promovendo um ambiente no qual todas as crianças possam desenvolver suas potencialidades e contribuir para a sociedade de maneira equitativa. No contexto de crianças com deficiência visual, é fundamental que as atividades sejam cuidadosamente planejadas para garantir que elas experimentem, aprendam e se sintam integradas em seu ambiente social e escolar, respeitando suas individualidades e respeitando suas experiências de vida.
As atividades propostas para este plano de aula foram elaboradas de acordo com as diretrizes estabelecidas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e são específicas para crianças de 4 a 5 anos. O cunho das atividades visa não só o aprendizado sobre a deficiência visual, mas também o desenvolvimento de habilidades sociais, emocionais e motoras, pautadas na empatia, cooperação e expressão criativa.
Tema: Deficiência Visual
Duração: 12 meses
Etapa: Educação Infantil
Sub-etapa: Crianças Pequenas
Faixa Etária: 4 e 5 anos
Objetivo Geral:
Promover a compreensão e a valorização da diversidade através do desenvolvimento de atividades inclusivas que tratam sobre a deficiência visual, possibilitando que as crianças experimentem situações que ampliem a empatia, a interação social e a expressão pessoal.
Objetivos Específicos:
1. Fomentar a empatia e o respeito pela diversidade através de atividades que abordem a deficiência visual.
2. Desenvolver a expressão criativa nas crianças através de experiências fotossensoriais adaptadas.
3. Incentivar a comunicação e a troca de ideias entre os alunos, levando em consideração o olhar e a experiência do outro.
4. Promover a coordenação motora através de atividades que envolvam movimentos livres e criativos, respeitando as limitações e habilidades de cada criança.
Habilidades BNCC:
CAMPO DE EXPERIÊNCIAS “O EU, O OUTRO E O NÓS”
– (EI03EO01) Demonstrar empatia pelos outros, percebendo que as pessoas têm diferentes sentimentos, necessidades e maneiras de pensar e agir.
– (EI03EO06) Manifestar interesse e respeito por diferentes culturas e modos de vida.
CAMPO DE EXPERIÊNCIAS “CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS”
– (EI03CG01) Criar com o corpo formas diversificadas de expressão de sentimentos, sensações e emoções, tanto nas situações do cotidiano quanto em brincadeiras, dança, teatro, música.
CAMPO DE EXPERIÊNCIAS “TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS”
– (EI03TS01) Utilizar sons produzidos por materiais, objetos e instrumentos musicais durante brincadeiras de faz de conta, encenações, criações musicais, festas.
CAMPO DE EXPERIÊNCIAS “ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO”
– (EI03EF01) Expressar ideias, desejos e sentimentos sobre suas vivências, por meio da linguagem oral e escrita (escrita espontânea), de fotos, desenhos e outras formas de expressão.
Materiais Necessários:
1. Materiais sensoriais (tecidos de diferentes texturas, objetos em diferentes formatos e materiais)
2. Instrumentos musicais simples (pandeiros, chocalhos, etc.)
3. Livros ilustrativos com texturas e materiais diferenciados
4. Materiais de arte (papel, tinta, pincéis)
5. Ambientes preparados para experiências sensoriais (como caixas de areia, caixas de água e caixas de surpresa com objetos sensoriais)
Situações Problema:
1. Como as pessoas com deficiência visual percebem o mundo ao seu redor?
2. Quais as formas que podemos utilizar para entender e respeitar as limitações e habilidades de pessoas diferentes de nós?
Contextualização:
A deficiência visual pode ser compreendida como uma condição que limita ou impede a percepção visual. Sabendo disso, é fundamental que as crianças entendam que a vida de uma pessoa com deficiência não é definida apenas pela limitação, mas também pela capacidade de vivenciar e interagir no mundo de maneiras diferentes. A inclusão deve ser um valor explícito nas experiências diárias, utilizando o movimento, a música e a arte como meios expressivos.
Desenvolvimento:
O desenvolvimento do plano deve ocorrer ao longo dos 12 meses, com atividades mensais intercaladas. As atividades são subdivididas em quatro áreas principais: a sensibilidade ao outro, a expressão da sua individualidade, a comunicação e a interação social.
Atividades sugeridas:
1. Atividade: Contação de Histórias com Texturas
– Objetivo: Estimular a imaginação e a compreensão sobre a deficiência visual.
– Descrição: Utilizar livros com texturas e objetos que representam elementos das histórias; promover a exploração tátil.
– Instruções Práticas: O professor deve organizar um círculo, contar uma história e incentivar as crianças a tocarem e sentirem as texturas relacionadas.
– Materiais: Livros táteis e objetos texturizados.
– Adaptações: Para crianças com dificuldade em tocar, oferecer materiais que possam ser “vibrados” ou instrumentos.
2. Atividade: Músicas e Sons
– Objetivo: Desenvolver a sensibilidade auditiva e a expressão de emoções.
– Descrição: Criar uma sequência musical utilizando instrumentos simples.
– Instruções Práticas: Incentivar as crianças a tocarem os instrumentos em grupo e expressarem-se com movimentos.
– Materiais: Instrumentos musicais diversos.
– Adaptações: Para alunos com limitações motoras, usar instrumentos mais fáceis de serem manuseados ou oferecer suporte físico.
3. Atividade: Caixa de Surpresas
– Objetivo: Explorar a percepção tátil de diferentes objetos.
– Descrição: Criar uma “caixa de surpresas” com objetos variados que as crianças possam tocar e adivinhar.
– Instruções Práticas: As crianças devem colocar a mão na caixa, sentir os objetos, e tentar adivinhar o que está ali.
– Materiais: Caixa, objetos de diferentes texturas, tamanhos e formatos.
– Adaptações: Para crianças que não podem usar as mãos, incentivá-las a utilizar a boca (se supervisionado).
4. Atividade: Pintura a Dedo em Grupo
– Objetivo: Estimular a criatividade e a expressão artística.
– Descrição: Fazer uma atividade de pintura a dedo onde todos possam participar livremente.
– Instruções Práticas: Disponibilizar tintas de diferentes texturas e cores para que as crianças pintem em grandes folhas de papel.
– Materiais: Tintas, pincéis, papel.
– Adaptações: Permitir que as crianças usem partes do corpo para fazer arte, se necessário.
5. Atividade: Jogo de “Vamos Passear?”**
– Objetivo: Promover a socialização e a compreensão do espaço.
– Descrição: Organizar um jogo em que as crianças devem guiar uma colega com os olhos vendados, descrevendo as coisas ao redor.
– Instruções Práticas: As crianças devem formar duplas e farão rodízio entre serem guias e serem guiadas.
– Materiais: Vendas para os olhos.
– Adaptações: Sempre supervisionar os alunos; usar locais seguros e conhecidos.
Discussão em Grupo:
– O que você sentiu quando estava vendado?
– Como podemos ajudar as pessoas com deficiência visual?
– O que você gostaria de saber mais sobre a deficiência visual?
Perguntas:
1. Quais foram as dificuldades que você encontrou durante as atividades?
2. Como você achou que as pessoas com deficiência visual se sentiriam em cenas sozinhas?
3. O que você aprendeu sobre a deficiência visual durante este período?
Avaliação:
A avaliação deve ser contínua e incluir a observação da participação das crianças nas atividades, a capacidade de demonstrar empatia e a organização de discussões em grupo. O professor também deve prestar atenção à forma como as crianças se relacionam e se mostram abertas a experiências e conhecimentos.
Encerramento:
Ao final do ano letivo, deverá ser realizado um evento para apresentar as experiências vividas, com exposição dos trabalhos artísticos realizados pelas crianças, e estimular a participação da comunidade escolar. Com isso, visa-se promover um espaço para a reflexão e a disseminação de informações sobre a deficiência visual.
Dicas:
– Use sempre a linguagem inclusiva ao falar sobre deficientes visuais, evitando termos que possam denotar discriminação.
– Incentive a empatia em momentos informais, como nas brincadeiras, mostrando a importância da diversidade.
– Promova debates para envolver as crianças e as famílias na discussão de temas sobre inclusão.
Texto sobre o tema:
A inclusão de pessoas com deficiência é um princípio fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. A deficiência visual, em particular, pode ser entendida sob uma perspectiva que vai além das limitações físicas. As crianças, ao aprender sobre a diversidade, são capazes de desenvolver uma visão mais abrangente sobre o mundo e sobre as diferenças humanas. Com isso, podemos promover espaços de aprendizado onde cada um possa contribuir com seus talentos e habilidades.
O desafio da inclusão começa na educação infantil, onde o contato com as diversas realidades ocorre de forma mais fluida e natural. Através de atividades envolvendo a arte, a música e a interação social, as crianças se tornam não apenas mais conscientes, mas também mais respeitosas em relação ao outro. A experiência de tocar, sentir e ouvir proporcionada por atividades inclusivas é essencial para compreender a vida de quem enxerga o mundo de maneira diferente.
Além de colocar em prática a inclusão, essas experiências oferecem um aprendizado significativo sobre as emoções e o respeito mútuo. O processo de construção de uma sociedade inclusiva deve passar pela educação, que é o alicerce de nossos valores cívicos e sociais. Educar as novas gerações a aceitar e valorizar as diferenças físicas, culturais e sociais é um passo fundamental para chegarmos a um futuro mais harmonioso.
Desdobramentos do plano:
O plano de inclusão sobre a deficiência visual pode trazer desdobramentos que impactam não só as crianças da educação infantil, mas toda a comunidade escolar. Durante a implementação das atividades, torna-se possível criar um ambiente que acolha e celebrem a diversidade, promovendo hábitos de respeito e cooperação entre todas as crianças. Assim, a qualidade das interações se altera, se tornando mais rica em empatia e compreensão.
Outro desdobramento importante é a possibilidade de engajamento das famílias, que podem ser convenientes para reforçar as discussões sobre a inclusão dentro de casa e também nas atividades comunitárias. Ao apresentar aos pais os resultados da participação das crianças nas atividades, podemos incentivá-los a adotar práticas inclusivas em suas rotinas familiares, ajudando a solidificar a ideia de que a diversidade é uma riqueza a ser valorizada.
Além disso, o processo de aprendizado em equipe deve ser observado cuidadosamente. Ao trabalhar com pessoas diferentes e com habilidades distintas, as crianças desenvolvem a habilidade de trabalho em equipe, aprendendo a cooperar e a se comunicar com diversos grupos. Isso traz um efeito positivo não só na formação de indivíduos socialmente responsáveis, mas também no desenvolvimento de comunidades mais coesas e respeitosas.
Orientações finais sobre o plano:
A elaboração deste plano educativo requer um comprometimento real com a ideia de inclusão em todas as esferas da escola. Cuidar para que as atividades estejam adaptadas e que as crianças com deficiência visual tenham acesso aos mesmos conhecimentos e experiências oferecidas aos demais alunos é primordial para promover um ambiente de aprendizagem equilibrado. Instruções claras e contínuas avaliações são necessários para garantir que cada aluno esteja se sentindo seguro e respeitado.
Além disso, o papel do educador é fundamental. A sensibilização e a formação contínua de professores e colaboradores sobre a inclusão e a diversidade devem ser promovidas. Criar momentos de reflexão e troca de experiências entre educadores pode levar a melhores práticas e à criação de um ambiente escolar mais inclusivo. É importante que todos os profissionais da educação estejam alinhados na valorização da diversidade, assegurando que a inclusão não seja um evento isolado, mas uma prática diária.
Por fim, é vital que a escola esteja promovendo um diálogo constante com as comunidades locais, envolvendo familiares e a sociedade no geral neste processo. A inclusão deve ser compreendida como uma atribuição coletiva que envolve a sociedade, e não apenas a escola. Construir pontes entre escola e comunidade é essencial para cultivar um ambiente mais inclusivo e plural.
5 Sugestões lúdicas sobre este tema:
1. Brincadeiras de Exploração Sensorial
– Idade: 4-5 anos
– Objetivo: Desenvolver habilidades sensoriais e promover a interação.
– Materiais: Objetos de diferentes texturas, sons e formas.
– Como fazer: As crianças serão divididas em grupos e deverão explorar as caixas de objetos, descrevendo suas impressões.
2. Circuito Lúdico
– Idade: 4-5 anos
– Objetivo: Desenvolver habilidades motoras e a percepção espacial.
– Materiais: Vendas, almofadas e obstáculos seguros.
– Como fazer: Criar um circuito onde as crianças, com os olhos vendados, devem se guiar pelo toque e pela voz dos colegas.
3. Museu das Emoções
– Idade: 4-5 anos
– Objetivo: Explorar as emoções através da expressão artística.
– Materiais: Materiais artísticos livres e espaço para montagem de uma “exposição”.
– Como fazer: Após uma atividade artística, as crianças devem descrevê-la em forma de emoção e criar uma “galeria” onde expõem suas criações.
4. Jogo da Memória Tato
– Idade: 4-5 anos
– Objetivo: Desenvolvimento da memória e percepção tátil.
– Materiais: Materiais recicláveis ou objetos do cotidiano em pares.
– Como fazer: Esconder objetos e, através do toque e da lembrança, as crianças devem encontrar os pares.
5. Teatro Sobre Rodas
– Idade: 4-5 anos
– Objetivo: Promover a expressão criativa e a percepção corporal.
– Materiais: Fantasias e adereços (que podem ser táteis).
– Como fazer: Criar pequenas encenações onde as crianças devem utilizar o corpo e a voz para contar histórias, incentivando que todos participem.


