Plano de Aula: CORDEL: Proezas de João Grilo(João Ferreira de Lima) (Ensino Fundamental 2) – 8º Ano

O plano de aula que se segue foi elaborado com o intuito de promover uma experiência significativa de aprendizado acerca da literatura de cordel, em específico a obra “Proezas de João Grilo” de João Ferreira de Lima. Essa obra, típica da cultura popular brasileira, possui elementos que se conectam diretamente com diversas práticas de leitura e escrita do gênero cordel, proporcionando uma rica oportunidade para que os alunos desenvolvam suas habilidades de interpretação, produção textual e apreciação cultural. A proposta visa garantir que os estudantes sejam capazes de refletir sobre a obra, discutir suas características e influências, além de analisar criticamente a linguagem utilizada.

A literatura de cordel representa uma forma única de expressão, que mistura oralidade, rimas e temas que abarcam questões populares, religiosas e sociais. Ao longo dessa aula, os alunos terão a chance de não apenas ler e interpretar a obra, mas também de criar suas próprias composições, promovendo um processo de ensino-aprendizagem dinâmico e interativo. Além disso, espera-se que essa atividade provoque discussões sobre os diferentes modos de contar histórias e a importância da tradição oral na formação da identidade cultural brasileira.

Tema: CORDEL: Proezas de João Grilo
Duração: 240 minutos (4 aulas de 60 minutos)
Etapa: Ensino Fundamental 2
Sub-etapa: 8º Ano
Faixa Etária: 15 a 18 anos

Objetivo Geral:

Planejamentos de Aula BNCC Infantil e Fundamental

Promover a leitura e a interpretação do cordel “Proezas de João Grilo”, desenvolvendo competências relacionadas à apreciação literária, produção textual e análise crítica das características do gênero.

Objetivos Específicos:

– Ler e compreender a obra “Proezas de João Grilo” e discutir suas principais temáticas.
– Criar e produzir um cordel, utilizando as técnicas apreendidas.
– Desenvolver habilidades de interpretação verbal e escrita, aplicando elementos da oralidade na produção escrita.
– Estimular o trabalho em grupo e o protagonismo dos alunos.

Habilidades BNCC:

– (EF08LP03) Produzir artigos de opinião, tendo em vista o contexto de produção dado, a defesa de um ponto de vista.
– (EF08LP04) Utilizar, ao produzir texto, conhecimentos linguísticos e gramaticais: ortografia, regências e concordâncias nominal e verbal.
– (EF08LP11) Identificar, em textos lidos, agrupamento de orações em períodos, diferenciando coordenação de subordinação.
– (EF08LP36) Parodiar poemas conhecidos da literatura e criar textos em versos, explorando o uso de recursos sonoros e semânticos.

Materiais Necessários:

– Cópias da obra “Proezas de João Grilo”.
– Quadro branco e marcadores.
– Papéis, canetas e lápis de cor.
– Acesso a recursos digitais (se disponível).
– Exemplos de outros cordéis.

Situações Problema:

– Como a literatura de cordel reflete a cultura popular brasileira?
– Quais são os aspectos que tornam “Proezas de João Grilo” uma obra relevante dentro do gênero cordel?
– Como podemos criar a nossa própria produção no estilo de cordel?

Contextualização:

O gênero literário cordel possui origens que remontam à poesia popular, sendo caracterizado por sua forma de consumo oral e impressa em pequenos folhetos. No Brasil, especialmente no nordeste, sua popularidade cresceu com temas que trazem críticas sociais, folclóricas e humorísticas, refletindo a identidade e a diversidade cultural do país. A obra “Proezas de João Grilo” é um perfeito exemplo dessa tradição, introduzindo o personagem João Grilo como um astuto protagonista que enfrenta e resolve situações através de sua esperteza e malandragem, revelando a cultura nordestina.

Desenvolvimento:

A aula será dividida em quatro encontros:

Aula 1: Introdução à Literatura de Cordel
– Inicie a aula discutindo o que os alunos já conhecem sobre cordéis e seus principais temas. Perguntas como “vocês conhecem algum cordel?” ou “quais temas acreditam que aparecem frequentemente nesse tipo de literatura?” podem ser feitas.
– Apresente a obra “Proezas de João Grilo” e faça uma leitura em voz alta, estimulando a participação dos alunos.
– Encoraje a discussão sobre as impressões sobre a maluquice e a esperteza de João Grilo, levantando questões sobre moral, ética e sensibilidade cultural.

Aula 2: Análise do Texto e Discussão em Grupo
– Divida a turma em grupos e peça para que eles analisem diferentes partes da obra. Cada grupo deve se concentrar em um aspecto, como personagens, temas, ou o estilo da narrativa.
– Após a discussão em grupos, cada um deve apresentar suas conclusões à turma, estimulando um debate sobre as diferentes interpretações e o significado da obra.

Aula 3: Produção de Cordéis
– Explique as características do cordel e as técnicas utilizadas, como a rima, repetição e o uso de temas populares. Em seguida, proponha que os alunos criem seus próprios cordéis, inspirando-se em uma história do cotidiano ou em um tema que considerem relevante.
– Os alunos devem trabalhar em duplas ou trios para facilitar a troca de ideias e a colaboração entre eles.

Aula 4: Apresentação e Crítica
– Organize um momento em que os alunos possam recitar ou apresentar seus cordéis para a turma, promovendo um espaço de apreciação e crítica construtiva.
– Para encerrar, discuta a importância do cordel na preservação da cultura e da língua portuguesa, além de sua relevância no contexto atual.

Atividades Sugeridas:

1. Introdução à História e Cultura do Cordel
Objetivo: Apresentar a história da literatura de cordel e sua importância cultural.
Descrição: Realizar uma exposição sobre o cordel, destacando sua origem e elementos culturais.
Materiais: Slides apresentados em aula, cópias de cordéis.

2. Análise de Texto
Objetivo: Desenvolver habilidades de interpretação de texto.
Descrição: Dividir os alunos em grupos para que analisem trechos de “Proezas de João Grilo” e apresentem suas análises.
Materiais: Trechos impressos da obra e post-its para anotações.

3. Oficina de Criação de Cordéis
Objetivo: Ensinar a estrutura e rimas de um cordel.
Descrição: Orientar os alunos na criação de seus cordéis, estimulando a criatividade e o uso da linguagem popular.
Materiais: Papel, canetas, modelos de cordéis, exemplos visuais.

4. Apresentação Oral dos Cordéis
Objetivo: Desenvolver habilidades de oratória e expressão verbal.
Descrição: Os grupos apresentam seus cordéis, e os colegas oferecem feedbacks construtivos.
Materiais: Espaço apropriado para apresentações.

5. Reflexão sobre a Leitura
Objetivo: Promover a reflexão sobre a importância da literatura de cordel.
Descrição: Em um diário de aula, os alunos devem escrever suas impressões sobre o que aprenderam com a religião do cordel.
Materiais: Diário ou caderno para registro.

Discussão em Grupo:

– Como você descreveria o personagem João Grilo?
– Quais são as principais características do gênero cordel?
– Qual a importância do humor e da crítica social na obra?
– Que temas relacionados à contemporaneidade podem ser encontrados em cordéis?

Perguntas:

– O que caracteriza a forma de escrita no gênero cordel?
– Como a obra “Proezas de João Grilo” reflete a cultura popular brasileira?
– Quais lições podem ser extraídas da esperteza de João Grilo?

Avaliação:

A avaliação poderá ser feita através de observação e participação durante as discussões em grupo, a qualidade das produções dos cordéis e o engajamento dos alunos nas atividades. Além disso, considerará o entendimento demonstrado nas apresentações e reflexões escritas entregues.

Encerramento:

No encerramento das atividades, aplique uma atividade reflexiva onde os alunos possam registrar o que aprenderam durante o projeto e como pretendem aplicar essas habilidades em futuras leituras ou produções. Uma discussão final sobre a relevância da literatura de cordel na promoção de uma cultura crítica e reflexiva deve também ser realizada.

Dicas:

– Incentive a leitura expressiva para aproximar os alunos do contexto do cordel.
– Utilize recursos audiovisuais para ilustrar a cultura nordestina e a importância do cordel.
– Incentive a pesquisa de outros autores de cordel contemporâneos para ampliar o conhecimento dos alunos.

Texto sobre o tema:

A literatura de cordel é uma das mais apaixonantes expressões da cultura popular brasileira, com raízes que se estendem até as tradições da poesia oral. A palavra “cordel” originou-se da prática de pendurar esses livretos em cordas para a venda em feiras e mercados, especialmente no Nordeste brasileiro. Com um estilo singular e acessível, os cordéis se caracterizam por sua rima e métrica, além de abordarem temas variados que refletem a experiência cotidiana do povo, suas alegrias, tristezas e desafios.

Entre as várias figuras e personagens que povoam os cordéis, João Grilo se destaca como um caricaturista das espertezas e astúcias do homem comum. A obra “Proezas de João Grilo” combina elementos de humor e crítica social, utilizando a esperteza do protagonista para questionar normas e valores sociais. Ao contar as suas aventuras e desventuras, João Grilo não é apenas um personagem cativante, mas também um símbolo da resistência e da malandragem da sabedoria popular. Assim, sua figura se torna central nas narrativas que exploram questões de moralidade, identidade e justiça social, sempre com um tom leve, mas repleto de significados profundos.

Além de sua importância cultural, a literatura de cordel desempenha um papel crucial na formação da identidade brasileira, especialmente no que diz respeito à oralidade e à valorização da linguagem simples. As histórias contadas nos cordéis promovem o sentido de pertencimento e de continuidade das tradições, encapsulando na poesia uma crítica ao status quo, uma veiculação da cultura local e uma afirmação da autoestima dos que vivem e se expressam por meio dessa arte. Ao promover a leitura e a criação de cordéis entre jovens, os educadores não apenas asseguram a preservação dessa tradição, mas também auxiliam no desenvolvimento de capacidades críticas e criativas que são essenciais na formação de cidadãos conscientes e ativos.

Desdobramentos do plano:

A literatura de cordel é uma porta de entrada para diversas possibilidades didáticas que podem ser exploradas pelos educadores. Através da leitura e produção de cordéis, os alunos não apenas aprimoram suas habilidades de escrita e interpretação, mas também se conectam com sua herança cultural. É importante destacar que o cordel não se limita a uma simples forma literária, ele se torna um meio de formação crítica ao abordar, de forma lúdica, problemas contemporâneos e questões que permeiam a sociedade.

Uma das principais riquezas dessa prática educativa é a capacidade de engajar os alunos em discussões sobre temas relevantes a partir de uma linguagem familiar e ao mesmo tempo poética e única. Ao explorarem a vida e as aventuras de João Grilo, os alunos estão, na verdade, mergulhando em um universo onde a esperteza é valorizada e onde a cultura popular é reconhecida como um espaço de resistência e inovação. As habilidades linguísticas desenvolvidas no processo de escrita cordelística se tornam um reflexo da capacidade de argumentação, interpretação e crítica que serão cada vez mais necessárias, não apenas no âmbito educacional, mas na vida prática de cada estudante.

Por fim, ao promover a apresentação e recitação dos cordéis produzidos, os educadores criam um espaço valioso de convivência e valorização do saber fazer. Isso enriquece a experiência educacional ao permitir que os estudantes se sintam parte de uma comunidade que valoriza a sua história, suas tradições e suas expressões artísticas. Dessa forma, a prática da literatura de cordel se torna verdadeiramente um instrumento de formação integral, desenvolvendo não apenas a habilidade técnica de ler e escrever, mas também fomentando a criatividade, a autoestima e um sentimento de pertencimento cultural.

Orientações finais sobre o plano:

Quando se trabalha com a literatura de cordel, é essencial que o professor esteja atento à diversidade de vozes e expressões que esse gênero literário pode ter. É importante acolher e valorizar as experiências e as histórias que os alunos trazem, provendo um ambiente de diálogo onde todos possam enriquecer a discussão. Isso não apenas contribui para a aprendizagem coletiva, mas também promove um respeito mútuo e um entendimento sobre a importância da tradição oral.

Além disso, a valorização das produções dos alunos deve estar sempre em pauta. Ao criar um ambiente onde suas criações são respeitadas e celebradas, os estudantes se sentem motivados a explorar mais e a se expressar de maneira única. As práticas poéticas devem ser constantemente incentivadas, não só através de materiais didáticos, mas também com atividades extracurriculares que extrapolem os limites da sala de aula, como saraus e exposições.

Por último, deve-se lembrar que o cordel permite uma enorme flexibilidade para abordagens interdisciplinares. É possível conectar os assuntos tratados com outras disciplinas como História, Geografia e Artes, além de possibilitar o diálogo sobre temas sociais, promovendo uma educação que forma cidadãos críticos e comprometidos com suas culturas.

5 Sugestões lúdicas sobre este tema:

1. Contação de Histórias em Cordel
Faixa Etária: 15-18 anos
Objetivo: Estimular a oralidade e a criatividade.
Descrição: Os alunos devem se dividir em grupos e criar uma apresentação teatral de uma história em cordel, usando adereços e figurinos. Encoraje o uso do humor e dramatização.

2. Produção de Cordéis Digitais
Faixa Etária: 15-18 anos
Objetivo: Integrar tecnologias digitais na produção textual.
Descrição: Usando plataformas digitais como Canva ou Google Slides, os alunos criarão cordéis que podem ser compartilhados com a turma. As produções podem ser publicadas em um blog da escola.

3. Oficina de Rimas
Faixa Etária: 15-18 anos
Objetivo: Aprender sobre a métrica e as rimas.
Descrição: Organizar um concurso de rimas, onde os alunos devem criar estrofes utilizando diferentes esquemas de rima. Os melhores versos podem ser premiados.

4. Visitando a Cultura Popular
Faixa Etária: 15-18 anos
Objetivo: Conectar os alunos com a cultura local.
Descrição: Planejar uma visita a uma feira de cordéis ou convidar um cordelista para falar e recitar suas obras. Os alunos podem levar seus cordéis para apresentar.

5. Roda de Música e Cordel
Faixa Etária: 15-18 anos

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