“Histórico da Cartografia no Brasil: Poder, Identidade e Território”
A cartografia desempenha um papel fundamental no entendimento e na construção da história do Brasil, sendo essencial para a análise dos processos de colonização, exploração e formação territorial. Neste plano de aula, propomos explorar o histórico da cartografia no Brasil, abordando desde as primeiras práticas cartográficas dos colonizadores portugueses até a implementação de instituições como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As aulas vão permitir que os alunos compreendam não somente a evolução das técnicas de mapeamento, mas também o impacto dos mapas na construção de identidades e territórios.
Ao longo desta aula, discutiremos a importância da cartografia como uma ferramenta de poder e conhecimento, refletindo sobre como os mapas não apenas representam o espaço, mas também influenciam a maneira como as sociedades se organizam e se veem no mundo. Dessa forma, os estudantes serão motivados a analisar criticamente a informação cartográfica, reconhecendo não apenas sua utilidade prática, mas também suas implicações sociais e políticas.
Tema: Histórico da Cartografia no Brasil
Duração: 50 minutos
Etapa: Ensino Médio
Sub-etapa: 1º Ano do Ensino Médio
Faixa Etária: 13 a 14 anos
Objetivo Geral:
Proporcionar aos alunos uma compreensão crítica e histórica da cartografia no Brasil, enfatizando sua evolução e relevância na construção da identidade e dos territórios brasileiros.
Objetivos Específicos:
1. Apresentar a história da cartografia brasileira, desde sua origem com os navegadores portugueses.
2. Discutir o papel do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na produção de dados e mapeamentos no Brasil contemporâneo.
3. Analisar como os mapas têm influenciado a formação de identidades culturais e políticas no Brasil.
4. Capacitar os alunos a reconhecer os aspectos sociais e políticos envolvidos na representação geográfica.
Habilidades BNCC:
1. EM13CHS101: Identificar, analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas em diversas linguagens, com vistas à compreensão de ideias filosóficas e de processos e eventos históricos, geográficos, políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais.
2. EM13CHS102: Identificar, analisar e discutir as circunstâncias históricas, geográficas, políticas, econômicas, sociais, ambientais e culturais de matrizes conceituais, avaliando criticamente seu significado histórico.
3. EM13CHS106: Utilizar as linguagens cartográfica, gráfica e iconográfica, diferentes gêneros textuais e tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais.
4. EM13CHS204: Comparar e avaliar os processos de ocupação do espaço e a formação de territórios, identificando o papel de diferentes agentes, considerando os conflitos populacionais e as características socioeconômicas, políticas e tecnológicas.
Materiais Necessários:
– Projetor e computador para apresentação de slides.
– Mapas históricos e contemporâneos do Brasil.
– Textos para leitura sobre a história da cartografia no Brasil.
– Quadro e marcadores.
– Acesso à internet para pesquisa (opcional).
Situações Problema:
1. Como a cartografia portuguesa influenciou a percepção do Brasil durante a colonização?
2. De que maneira as práticas cartográficas têm refletido as relações de poder no território brasileiro?
3. Como o IBGE contribui para a produção de conhecimento geográfico no Brasil?
Contextualização:
A cartografia brasileira remonta ao período da colonização, onde os mapas eram ferramentas cruciais para exploração e controle territorial. Inicialmente utilizados por navegadores portugueses, os mapas passaram a ser entendidos como representações do poder e da cultura. Hoje, as práticas cartográficas no Brasil são reguladas por órgãos como o IBGE, que desempenha um papel vital na coleta e análise de dados, essencial para a administração e planejamento socioeconômico do país.
Desenvolvimento:
1. Introdução à Cartografia (10 min): Apresentação do tema e dos objetivos da aula, contextualizando a importância da cartografia na história do Brasil.
2. Histórico da Cartografia (20 min): Discussão sobre as primeiras práticas cartográficas pelos navegadores e a transição para a produção de mapas mais precisos e variados. Exemplo de mapas antigos e suas implicações.
3. Papel do IBGE (10 min): Apresentar a função do IBGE na atualidade, discutindo sua importância na coleta de dados e mapeamentos para políticas públicas e planejamento.
4. Reflexão Crítica (10 min): Promover um debate sobre como a representação cartográfica influencia a percepção dos territórios, identidades e comunidades no Brasil.
Atividades sugeridas:
Atividade 1: Análise de Mapas Históricos
Objetivo: Compreender as mudanças ao longo do tempo nas representações cartográficas.
Descrição: Dividir a turma em grupos e fornecer diferentes mapas históricos (ex.: mapas portugueses do século XVI e mapas contemporâneos). Cada grupo deve identificar e discutir as diferenças.
Instruções: Cada grupo apresenta suas descobertas para a turma.
Materiais: Mapas impressos e projetados.
Adaptação: Grupos podem ser mesclados ou ajustados em tamanho baseado em participação.
Atividade 2: Debate Sobre Cartografia e Poder
Objetivo: Analisar as relações de poder representadas na cartografia.
Descrição: Propor um debate onde os alunos discutem o papel da cartografia como ferramenta de controle político e social.
Instruções: Formar dois grupos que defenderão pontos de vista opostos e conduzir o debate.
Materiais: Quadro para anotações.
Adaptação: Alunos que têm dificuldades de falar em público podem escrever suas ideias em um papel e passar para o orador do grupo.
Atividade 3: Pesquisa sobre o IBGE
Objetivo: Conhecer a função e a importância do IBGE.
Descrição: Pesquisar dados e funções do IBGE relacionados à cartografia e geografia no Brasil.
Instruções: Cada aluno deve encontrar pelo menos um dado importante e compartilhar com a turma.
Materiais: Acesso à internet e papel para anotações.
Adaptação: Para alunos com dificuldades em pesquisa, fornecer fontes específicas para consulta.
Atividade 4: Produção de um Mapa Temático
Objetivo: Criar um mapa temático baseado em dados discutidos.
Descrição: Utilizar dados coletados na pesquisa sobre IBGE para criar um mapa que represente uma informação específica (população, renda, etc.).
Instruções: Usar software de mapeamento ou canetas e papel.
Materiais: Computadores/tablets ou materiais de desenho.
Adaptação: Oferecer apoio adicional para alunos com dificuldades manuais.
Atividade 5: Reflexão Escrita
Objetivo: Refletir sobre o impacto da cartografia na sociedade.
Descrição: Redigir uma breve reflexão (1-2 parágrafos) sobre a importância da cartografia e como ela influencia a percepção de identidades e territórios.
Instruções: Entregar a reflexão no final da aula.
Materiais: Papel e caneta.
Adaptação: Permitir que alunos escrevam em casa, se necessário.
Discussão em Grupo:
Encerrar a aula com uma discussão em grupo sobre o que aprenderam, questionando-os sobre como as novas tecnologias de mapeamento podem alterar as percepções atuais sobre o Brasil e sua cartografia.
Perguntas:
1. Quais diferenças vocês perceberam entre os mapas antigos e os modernos?
2. Como as representações cartográficas impactam a política e a sociedade?
3. Que papel o IBGE desempenha na nossa compreensão atual sobre a geografia do Brasil?
Avaliação:
A avaliação será feita por meio da participação dos alunos nas discussões, nas apresentações dos grupos e nas produções escritas. As atividades práticas e as reflexões escritas também serão consideradas para entender a situação de aprendizado de cada aluno.
Encerramento:
Refletir em conjunto sobre a importância da cartografia de modo que o conhecimento passado possa influenciar a forma de pensar e agir no presente. Concluir a aula reforçando que o conhecimento cartográfico é um instrumento poderoso de análise e transformação.
Dicas:
– Incentivar os alunos a trazerem mapas de suas regiões de origem para discussão.
– Utilizar ferramentas digitais como aplicativos de mapeamento para enriquecer a experiência.
– Promover a interdisciplinaridade, relacionando geografia, história e artes.
Texto sobre o tema:
A cartografia é uma das formas mais antigas de representação do espaço humano, datando de milhares de anos. No Brasil, a sua história está profundamente entrelaçada com a colonização europeia e a construção de um território nacional. Ao longo dos séculos, os mapas passaram a agir não apenas como representações físicas de um espaço, mas também como instrumentos de poder, controle e identidade. Desde o início do período colonial, os navegadores portugueses utilizaram mapas rudimentares para explorar e reivindicar terras, moldando não apenas a forma como o Brasil foi visto pelos europeus, mas também como os próprios brasileiros passaram a entender o seu espaço.
Na contemporaneidade, a cartografia se tornou ainda mais complexa com a introdução de novas tecnologias e a institucionalização de mapas por órgãos como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O IBGE atua na produção de informações sobre a realidade brasileira, oferecendo não apenas dados, mas também construindo uma imagem do Brasil que informa políticas públicas, planejamento urbano e desenvolvimento econômico. Dessa forma, os mapas modernos não são apenas representações estáticas, mas refletirem dinâmicas sociais e políticas que envolvem a população.
O papel da cartografia na formação da identidade nacional também é inegável. Os mapas tornam-se símbolos de pertencimento, moldando a forma como os cidadãos se veem em relação ao espaço que habitam. Através dessas representações, é possível perceber não apenas a geografia física, mas também a social, política e cultural do país. Assim, a cartografia convida a reflexões sobre como a nossa percepção de território, cultura e identidade está frequentemente em transformação, influenciada por novos dados e pela leitura crítica do espaço e da história.
Desdobramentos do plano:
A discussão sobre cartografia pode se estender a outras disciplinas, como história e ciências sociais. Os alunos poderão investigar o impacto da cartografia no desenvolvimento das cidades e das regiões, explorando as desigualdades sociais e a forma como estas são refletidas nos mapas. Além disso, com o advento de novas tecnologias, como o GIS (Sistema de Informação Geográfica), é essencial que os alunos compreendam como esses novos métodos de representação espacial podem abrir novos caminhos para análise crítica do espaço.
Outro aspecto que pode ser explorado é o impacto ambiental das práticas cartográficas em localidades com diferentes realidades sociais. Os alunos poderiam investigar como a produção de mapas ajuda ou dificulta a luta por direitos territoriais de comunidades locais, especialmente indígenas e quilombolas, que frequentemente são os mais afetados por práticas de exploração e destruição de seus territórios.
Finalmente, à luz dos conhecimentos adquiridos, os alunos podem se engajar em atividades práticas que envolvam a produção de seus próprios mapas, promovendo atividades comunitárias. Isso não só os ajudaria a captar dados do ambiente que os cercam, mas também a desenvolver um senso de pertencimento e responsabilidade em relação ao espaço que habitam, estabelecendo assim um vínculo entre teoria e prática na elaboração de soluções para problemas comunitários.
Orientações finais sobre o plano:
Este plano de aula foi elaborado com o intuito de instigar a curiosidade e o senso crítico dos alunos em relação à cartografia e sua importância na formação da identidade e do território brasileiro. É vital que os educadores estejam preparados para fomentar discussões ricas, contextualizando os conteúdos e incentivando a participação ativa dos alunos.
Os alunos devem perceber que a cartografia é uma ferramenta viva, mutável e que reflete a sociedade. Incentivar uma visão crítica ao considerar não apenas o “que” é representado, mas o “como” e “por quê” dessas representações. Ao fazer conexões com a realidade atual, o educador consegue tornar a aprendizagem mais significativa e envolvente.
Por fim, ao longo das aulas, é desejável que os alunos se tornem não apenas consumidores, mas também críticos e produtores de conhecimento. Com isso, obterão uma consciência mais clara sobre como os espaços são representados e disputados, preparando-os para a participação ativa e informada na sociedade.
5 Sugestões lúdicas sobre este tema:
1. Caça ao Tesouro Cartográfico: Propor uma atividade onde os alunos devem encontrar locais marcados em um mapa da escola, utilizando pistas. O objetivo é desenvolver a habilidade de leitura de mapas de forma lúdica.
2. Criação de um Mapa Comunitário: Estimular os alunos a criar um mapa de sua comunidade, destacando pontos de interesse, serviços e problemas locais. Isso promove não só habilidades cartográficas, mas também um envolvimento com a realidade social.
3. Teatro de Sombras: Usar recortes de mapas históricos e contemporâneos em uma apresentação de teatro de sombras, onde os alunos representam eventos significativos relacionados à história da cartografia.
4. Desafio do Mapa Interativo: Usar aplicativos de mapeamento para que os alunos apresentem como diferentes comunidades são representadas no Brasil, criando um projeto interativo sobre a diversidade territorial.
5. Jogo de Rolos: Criar um jogo de tabuleiro que simule a exploração e a colonização, onde os alunos devem navegar a partir de mapas fictícios, abordando aspectos como a competição e a troca entre diferentes culturas.
Com essas sugestões, o educador terá um conjunto diversificado de abordagens que facilitará a aprendizagem e tornará o ensino da cartografia mais interessante e acessível a todos os alunos.