Atividades Lúdicas para Crianças com TEA: Inclusão e Aprendizado

O plano de aula a seguir foi desenvolvido com o objetivo de proporcionar experiências significativas para crianças de 5 a 6 anos que apresentem Transtorno do Espectro Autista (TEA). Este plano busca respeitar a individualidade de cada aluno, estimulando suas habilidades e promovendo uma maior interação social e emocional. Portanto, as atividades propostas são pensadas de forma a permitir que os alunos expressem suas emoções, percebam seus corpos e estabeleçam conexões com os outros, sempre sob uma perspectiva inclusiva e acolhedora.

As atividades visam a promover não apenas o desenvolvimento motor e cognitivo, mas também a interação social e a comunicação. Através de experiências práticas e lúdicas, as crianças serão incentivadas a se expressar e a conhecer melhor a si mesmas e ao ambiente ao seu redor. O foco está na construção de um espaço seguro onde os alunos se sintam confortáveis para explorar, brincar e se relacionar.

Tema: Atividades para Crianças com TEA – Psicoterapia
Duração: 30 Minutos
Etapa: Educação Infantil
Sub-etapa: Bebês
Faixa Etária: 5 a 6 Anos

Objetivo Geral:

Planejamentos de Aula BNCC Infantil e Fundamental

Proporcionar experiências lúdicas que favoreçam a expressão emocional e a interação social das crianças com Transtorno do Espectro Autista, promovendo o desenvolvimento de habilidades motoras e sociais.

Objetivos Específicos:

– Estimular a percepção corporal das crianças durante as atividades lúdicas.
– Promover a comunicação de necessidades e emoções através de gestos e sons.
– Facilitar a interação entre as crianças e com adultos, respeitando as limitações e habilidades individuais.
– Explorar diferentes tipos de sons e estímulos visuais para engajar os alunos.

Habilidades BNCC:

– Campo de Experiências “O EU, O OUTRO E O NÓS”
(EI01EO01) Perceber que suas ações têm efeitos nas outras crianças e nos adultos.
(EI01EO03) Interagir com crianças da mesma faixa etária e adultos ao explorar espaços, materiais, objetos, brinquedos.
(EI01EO04) Comunicar necessidades, desejos e emoções, utilizando gestos, balbucios, palavras.

– Campo de Experiências “CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS”
(EI01CG01) Movimentar as partes do corpo para exprimir corporalmente emoções, necessidades e desejos.
(EI01CG02) Experimentar as possibilidades corporais nas brincadeiras e interações em ambientes acolhedores e desafiantes.

– Campo de Experiências “TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS”
(EI01TS01) Explorar sons produzidos com o próprio corpo e com objetos do ambiente.

– Campo de Experiências “ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO”
(EI01EF06) Comunicar-se com outras pessoas usando movimentos, gestos, balbucios, fala e outras formas de expressão.

Materiais Necessários:

– Brinquedos diversos (bolas, blocos, brinquedos de empilhar)
– Instrumentos musicais simples (pandeiros, chocalhos)
– Tintas e papéis de diferentes texturas
– Espelhos
– Almofadas e brinquedos macios para proporcionar conforto

Situações Problema:

– Como as crianças podem expressar emoções através do corpo?
– Quais sons podem ser produzidos com diferentes objetos?
– Como podemos brincar juntos e ajudar uns aos outros em atividades de grupo?

Contextualização:

As atividades abordadas neste plano foram cuidadosamente escolhidas para respeitar as características únicas de cada aluno com TEA, além de criar um ambiente inclusivo. Reconhecemos que cada criança possui uma forma própria de se comunicar e interação, o que demanda uma abordagem mais sensível e adaptada às necessidades individuais. O ato de brincar é fundamental para o desenvolvimento humano, e no caso das crianças com TEA, brincar não é apenas um meio de aprendizado, mas também uma oportunidade para a construção de vínculos sociais e afetivos.

Desenvolvimento:

1. Boas-vindas e Apresentação: Iniciar o momento com uma roda de apresentação, onde as crianças se lembram de seus nomes. Incentivar que cada criança, ao ser chamada, possa responder com um gesto ou som que a represente. Objetivo: Calorosa acolhida ao ambiente, promovendo identificação e reconhecimento.

2. Brincadeira dos Sons: Utilizar instrumentos musicais simples para cada aluno experimentar fazer barulhos. Introduzir sons com o próprio corpo (palmas, estalos). Objetivo: Estimular a percepção sonora e a interação, promovendo a comunicação e a autoexpressão.

3. Atividades Corporais em Grupo: Organizar dinâmicas que envolvam movimentos simples, onde as crianças possam imitar gestos de um adulto ou de outra criança. Criar um jogo de “imitação”, onde a ação é imitada e, assim, se promove a interação e o contato visual. Objetivo: Desenvolver a consciência corporal e a empatia.

4. Arte com Texturas: Disponibilizar papéis diversos e tintas. As crianças podem explorar as texturas e criar suas próprias obras de arte. O foco deve ser no uso das mãos e na exploração, sem a preocupação com o resultado final. Objetivo: Estimular a criatividade e o desenvolvimento sensório-motor.

5. Momento de Reflexão: Após as atividades, proporcionar um espaço onde as crianças possam relaxar em almofadas crocantes e discutir o que sentiram durante as brincadeiras. Este momento deve ser guiado, incentivando a expressão emocional por gestos e sons. Objetivo: Promover o autocuidado e a expressão emocional em um ambiente acolhedor.

Atividades sugeridas:

1. Roda de Nomes:
Objetivo: Trabalhar a identificação e a comunicação.
Descrição: Chamar cada criança pelo nome, convidando-a a se apresentar através de um gesto ou som que a represente.
Instruções: Ao ouvir seu nome, a criança deve responder com uma ação e pode passar a vez para um colega.
Materiais: Nenhum material necessário.
Adaptação: crianças que preferem não falar podem usar cartões, objetos ou gestos.

2. Exploração Musical:
Objetivo: Trabalhar a comunicação e percepção sonora.
Descrição: Incentivar as crianças a fazer barulhos com instrumentos ou objetos ao seu redor.
Instruções: Criar uma pequena orquestra onde cada criança pode tocar o seu som preferido em momentos alternados.
Materiais: Instrumentos musicais simples (pandeiros, chocalhos).
Adaptação: Oferecer sons de diferentes volumes e frequências, para uma experiência sensorial mais rica.

3. Imitação de Gestos:
Objetivo: Trabalhar a empatia e o reconhecimento do corpo.
Descrição: Um adulto deve executar um movimento e as crianças devem imitá-lo.
Instruções: Começar com movimentos simples, como levantar os braços ou pular, e depois progredir para gestos mais complexos.
Materiais: Nenhum material necessário.
Adaptação: Para crianças que têm dificuldades, sugerir mover apenas partes do corpo (por exemplo, mãos ou cabeça).

4. Arte Texturizada:
Objetivo: Explorar as texturas e a comunicação visual.
Descrição: Proporcionar diferentes papéis de texturas e tintas para que as crianças possam criar suas próprias obras.
Instruções: Incentivar o uso das mãos e dos pés para aplicar tinta na folha.
Materiais: Tintas e papéis variados.
Adaptação: Para crianças que precisam de apoio, ajudar a segurá-las durante a atividade.

5. Relaxamento e Reflexão:
Objetivo: Promover autocuidado e expressões emocionais.
Descrição: Proporcionar um espaço confortável, onde as crianças podem se deitar e discutir o que sentiram nas brincadeiras.
Instruções: Incentivar cada criança a usar gestos ou sons para expressar o que sentiu.
Materiais: Almofadas e cobertores.
Adaptação: Facilitar um ambiente silencioso, evitando distrações externas para ajudar a manter o foco.

Discussão em Grupo:

Após as atividades, promover um momento onde as crianças possam compartilhar suas experiências. Questões a serem discutidas podem incluir:
– O que mais gostei de fazer?
– Como eu me sinto quando brinco com meus amigos?
– Que sons me fazem sentir bem?

Perguntas:

– O que você mais gostou na brincadeira?
– Como você se sentiu quando imitou o movimento do colega?
– Que sons são os seus favoritos e por quê?

Avaliação:

A avaliação será contínua e formativa, observando:
– Participação ativa nas atividades.
– A capacidade de comunicação e expressão.
– A interação social com colegas e adultos.
– O engajamento e prazer nas atividades propostas.

Encerramento:

Finalizar a aula com uma canção tranquila que as crianças gostem. Agradecer a participação de todos e reforçar momentos de alegria e interação vivenciados durante as atividades. Incentivar as crianças a manterem esses momentos compartilhados em suas memórias.

Dicas:

– Utilize espaços amplos e seguros para as atividades de movimento, garantindo a liberdade de exploração das crianças.
– Observe cada criança atentamente, respeitando seu tempo e estilo de comunicação.
– Crie um ambiente acolhedor e calmo, limitando distrações e criação de estresse, permitindo que cada criança se sinta segura para explorar sem pressão.

Texto sobre o tema:

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) abrange uma ampla gama de condições e comportamentos que impactam a maneira como as crianças interagem socialmente com o mundo ao seu redor. As atividades de psicoterapia e intervenção precoce são fundamentais para ajudar essas crianças a desenvolverem habilidades que as possibilitem acessar não apenas a comunicação verbal, mas também a comunicação não verbal através de gestos e expressões. É essencial que as atividades sejam planejadas de forma a serem sensorialmente satisfatórias e que proporcionem uma boa experiência social, uma vez que muitas vezes, as crianças com TEA podem se sentir sobrecarregadas ou ansiosas em ambientes com muitos estímulos.

A utilização de brincadeiras lúdicas aliadas a técnicas terapêuticas tem se mostrado uma abordagem eficaz para promover o aprendizado e a socialização. O brincar é uma das formas mais naturais de aprendizagem para as crianças, e integrar esse aspecto em atividades que visam a psicoterapia permite que elas não apenas se divirtam, mas também aprendam a expressar suas emoções e a se comunicar. Nesses momentos lúdicos, as crianças têm a oportunidade de conhecer melhor a si mesmas, explorando seus limites, a potencialidade do corpo, e desenvolvendo a empatia ao interagir com os outros.

Além disso, as atividades sensoriais são cruciais para crianças com TEA, uma vez que ajudam a aumentar a consciência corporal e a capacidade de se auto regular. Brincadeiras que envolvem movimentos, sons e texturas são especialmente benéficas, permitindo que a criança explore o ambiente a sua volta de maneira controlada e segura. Com isso, é possível buscar não apenas o desenvolvimento emocional e social, mas também a preparação para maior inclusão e convivência em diversos contextos sociais.

Desdobramentos do plano:

Esse plano pode ser desdobrado para incluir a participação da família, criando uma conexão importante entre a escola e o lar. Promover atividades que possam ser replicadas em casa, como jogos que estimulem a comunicação e a percepção corporal, pode ser útil para que as crianças mantenham o aprendizado dentro do ambiente familiar. Ao estimular pais e cuidadores a se envolverem no processo de aprendizagem, facilita-se a construção de um apoio social que é fundamental para o desenvolvimento integral da criança.

Outra possibilidade de desdobramento é a inclusão de profissionais especializados, como terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos, que podem oferecer insights valiosos sobre atividades adicionais que poderiam complementar as propostas. A integração de diversos profissionais pode proporcionar uma educação ainda mais rica e diversificada, permitindo que as crianças tenham acesso a uma gama ampla de apoiadores em sua jornada de aprendizado.

Por fim, é importante refletir sobre as observações realizadas durante as atividades, ajustando-se conforme necessário. Cada criança é única e possui seu próprio ritmo de aprendizado. Portanto, a flexibilidade e a adaptação das atividades são cruciais para que todos possam se beneficiar. No papel de educadores, devemos estar atentos às necessidades emocionais e motoras de cada aluno, criando sempre um ambiente de acolhimento.

Orientações finais sobre o plano:

Ao trabalhar com crianças com TEA, é essencial lembrar-se de que o processo de aprendizagem pode variar significativamente de uma criança para outra. Por isso, a observação e a sensibilidade são fundamentais para o sucesso das atividades propostas. As interações devem ser respeitosas e abertas, permitindo que as crianças se expressem livremente, sem pressão para se conformarem a expectativas. Assim, é possível fomentar um aprendizado significativo que não só contribui para o desenvolvimento social e emocional, mas também para o aprimoramento das habilidades de comunicação.

Incentivar as crianças a verbalizarem ou gesticularem suas emoções cria um espaço de confiança e segurança. É neste espaço que elas podem se sentir à vontade para compartilhar suas experiências e sentimentos, facilitando a comunicação e promovendo o autoconhecimento. É importante que os educadores desenvolvam sua empatia e compreendam as diferentes maneira de comunicação de cada criança, adaptando as abordagens a cada interação.

Por fim, a prática constante e a troca de experiências entre educadores são ações que podem enriquecer o processo de ensino-aprendizagem. Reuniões periódicas para discutir experiências e desafios com os colegas podem proporcionar insights valiosos e melhores estratégias a serem adotadas em sala de aula. Portanto, a construção de uma rede de apoio entre educadores, terapeutas e famílias deve ser um dos pilares do trabalho desenvolvido com crianças com TEA.

5 Sugestões lúdicas sobre este tema:

1. Jogo do Eco:
Objetivo: Promover a purgação de sons e a imitação.
Descrição: Um educador faz um som com um instrumento e as crianças devem repetir.
Materiais: Instrumentos diversos e objetos que fazem sons.
Adaptação: Usar instrumentos que não sejam tão altos para não sobrecarregar as crianças mais sensíveis a sons.

2. Deslocamento pelo Espaço:
Objetivo: Trabalhar a locomoção e consciência corporal.
Descrição: Criar um circuito com obstáculos macios onde as crianças devem passar, rastejar ou pular.
Materiais: Almofadas, cobertores e objetos macios.
Adaptação: Adequar a altura dos obstáculos conforme necessário, respeitando limitações.

3. Colagem de Texturas:
Objetivo: Trabalhar a criatividade e a exploração de texturas.
Descrição: Oferecer materiais variados (papéis, tecidos, algodão) para as crianças colarem em um papel em branco.
Materiais: Tesouras com ponta arredondada, cola e diversos materiais texturizados.
Adaptação: Disponibilizar os materiais em pedaços já cortados para facilitar o manuseio se a criança tiver dificuldades.

4. Teatro de Fantoches:
Objetivo: Estimular a comunicação e a expressão.
Descrição: Criar uma apresentação simples usando fantoches que as crianças podem manipular e atuar.
Materiais: Fantoches ou bonecos simples feitos com meias ou papel.
Adaptação: Se necessário, oferecer histórias pré-escritas para estimular as crianças que não se sentem confortáveis em improvisar.

5. Contação de Histórias Interativa:
Objetivo: Estimular a escuta e a interação.
Descrição: Lê um conto, onde as crianças podem imitar sons de animais ou realizar ações enquanto escutam a história.
Materiais: Livros ilustrados e objetos que representem os personagens.
Adaptação: Para crianças mais velhas, incluir perguntas durante a história para incentivar a participação.

Com essas propostas, o plano de aula se torna um vibrante espaço de aprendizado, brincadeiras e valorização da comunicação, promovendo o desenvolvimento integral das crianças que convivem com o TEA.

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