“Aprendendo Matemática com Cultura: Plano de Aula Etnomatemática”
O plano de aula que será apresentado é voltado para a etnomatemática, que visa explorar a matemática a partir da realidade cultural e social dos alunos. A proposta deste plano é estimular os estudantes a compreenderem a aplicação da matemática em suas próprias comunidades, promovendo um aprendizado significativo e contextualizado. O tema escolhido traz uma abordagem prática, onde os alunos poderão vivenciar a coleta de dados e a análise, aplicando conceitos matemáticos em situações reais.
Tema: Etnomatemática
Duração: 1 hora e 50 minutos
Etapa: Ensino Médio
Sub-etapa: 1º Ano Médio
Faixa Etária: 13 a 15 anos
Objetivo Geral:
O objetivo geral é que os alunos reconheçam a matemática como uma ferramenta prática e cultural, aplicando conhecimentos etnomatemáticos para resolver problemas relacionados à produção da farinha de mandioca na comunidade.
Objetivos Específicos:
– Estimular a exploração das unidades de medida informais utilizadas na produção de farinha.
– Desenvolver habilidades de coleta e organização de dados através de tabelas e gráficos.
– Promover a análise crítica de dados coletados sobre a produção de farinha, relacionando-os com práticas etnomatemáticas.
Habilidades BNCC:
– EM13CNT310: Investigar e analisar os efeitos de programas de infraestrutura e demais serviços básicos, identificando necessidades locais em relação à produção de alimentos.
– EM13MAT102: Analisar tabelas, gráficos e amostras de pesquisas estatísticas apresentadas em relatórios.
– EM13MAT201: Propor ou participar de ações adequadas às demandas da região envolvendo medições e cálculos.
– EM13MAT202: Planejar e executar pesquisa amostral sobre questões relevantes usando dados coletados diretamente.
Materiais Necessários:
– Cadernos de campo
– Canetas e lápis
– Régua
– Calculadoras
– Laptop ou projetor para apresentação de gráficos
– Materiais para criação de tabelas e gráficos (papel, cartolina, lápis de cor)
Situações Problema:
“Como podemos usar os conhecimentos sobre a colheita da mandioca e a farinhada para prever a produção de farinha, otimizar o planejamento e analisar a rentabilidade, utilizando ferramentas matemáticas?”
Contextualização:
A etnomatemática explora a relação entre a matemática e as práticas culturais de diferentes grupos sociais. Neste caso, a prática da colheita da mandioca e a produção de farinha são contextos ricos para observar como a matemática se faz presente nas atividades cotidianas dos alunos. Discutir as unidades de medida não oficiais, como “balaios” e “cangalhas”, é crucial para que os alunos compreendam a necessidade de padronização e a importância da matemática em suas vidas.
Desenvolvimento:
A aula começará com uma roda de conversa para que os alunos compartilhem o que sabem sobre a produção de farinha na comunidade. Eles serão encorajados a discutirem as etapas da farinhada e as medidas que utilizam para avaliar a produção. A conversa deve incluir questões como: “Quantos quilos representa um balaio de farinha?” e “Como os agricultores decidem quando colher a mandioca?”.
Na sequência, os alunos serão organizados em grupos e discutirão a importância da coleta de dados. Eles serão incentivados a realizar uma visita de campo a uma propriedade local onde a farinha é produzida e entrevistar os agricultores sobre os detalhes da produção da farinha, incluindo a quantidade de mandioca colhida, o tempo gasto e as condições que afetam a colheita.
Atividades sugeridas:
1. Roda de Conversa
– Objetivo: Criar um espaço para troca de conhecimentos sobre a produção de farinha.
– Descrição: Divida a turma em pequenos grupos e inicie a roda de conversa. Faça perguntas estimulantes e anote as respostas.
– Materiais: Caderno e caneta.
2. Visita de Campo
– Objetivo: Coletar dados práticos sobre a produção local.
– Descrição: Organize uma visita a uma roça de mandioca. Cada grupo deve levar um caderno de campo para anotar dados como quantidade de mandioca colhida e produção de farinha.
– Materiais: Cadernos de campo, canetas.
3. Conversão de Unidades
– Objetivo: Aprender a converter medidas informais em unidades formais.
– Descrição: Após a visita, discuta em sala a necessidade de padronização. Insira exemplos coletados durante a visita (ex.: quanto pesa um balaio).
– Materiais: Lousa, calculadoras.
4. Construção de Tabelas
– Objetivo: Organizar os dados coletados em tabelas.
– Descrição: Cada grupo cria uma tabela com os dados coletados da visita de campo, destacando a quantidade de produção por semana ou mês.
– Materiais: Papel, lápis.
5. Criação de Gráficos
– Objetivo: Visualizar os dados através de gráficos.
– Descrição: Os grupos devem decidir qual tipo de gráfico (barras, setores) utilizarão para representar suas tabelas. Realizar a apresentação e discussão dos gráficos em sala.
– Materiais: Cartolina, canetas coloridas.
Discussão em Grupo:
Após as apresentações dos gráficos, promova uma discussão guiada onde os alunos devem refletir sobre:
– Qual foi a época que a mandioca rendeu mais produção?
– Quais fatores afetaram a colheita?
– Como os dados coletados podem ser úteis para o planejamento da próxima colheita?
Perguntas:
1. Por que é importante padronizar as unidades de medida na produção de alimentos?
2. Como a matemática pode ajudar a resolver problemas do cotidiano na comunidade?
3. O que podemos aprender sobre a cultura local através da prática da etnomatemática?
Avaliação:
A avaliação será realizada de forma contínua, observando a participação dos alunos nas atividades de campo e nas discussões. Os grupos serão avaliados pela clareza e precisão dos dados apresentados tabelas e gráficos, assim como pela profundidade das análises geradas.
Encerramento:
Finalize a aula com uma reflexão sobre a importância das práticas culturais na matemática. Encoraje os alunos a pensar sobre como a etnomatemática pode ser aplicada a outras áreas de suas vidas e comunidades, sempre destacando a conexão entre a matemática e a cultura.
Dicas:
– Utilize exemplos práticos e simples que os alunos possam relacionar com suas vidas.
– Fomente o trabalho em equipe, promovendo a colaboração e a troca de ideias.
– Explore as diferenças culturais em expressões matemáticas, respeitando sempre o saber local.
Texto sobre o tema:
A etnomatemática é um campo de pesquisa que explora como grupos sociais, como comunidades agrícolas, utilizam conceitos matemáticos em suas práticas cotidianas. É uma maneira de reconhecer que a matemática não é exclusiva das salas de aula, mas faz parte da cultura e do cotidiano das pessoas. Em comunidades rurais, conceitos como medidas de volume, tempo e peso são frequentemente comprados a partir de práticas estruturadas por suas tradições locais. Quando se fala sobre a produção de farinha de mandioca, entramos em um mundo rico de saberes e experiências que trazem à tona a matemática de uma maneira acessível e significativa para os alunos.
Neste contexto, uma abordagem etnomatemática proporciona um espaço para que os alunos se conectem com suas raízes culturais e aprendam que a matemática é uma ferramenta holística, que pode ser utilizada para resolver problemas reais e melhorar a vida em sociedade. Por meio da investigação e análise crítica, os alunos podem entender que conhecimentos adquiridos na escola podem ser aplicados para promover melhorias em suas comunidades e até mesmo contribuir para o desenvolvimento sustentável. Portanto, explorar a produção de farinha através da coletânea de dados e da análise matemática não somente ajuda a solidificar conceitos, mas também eleva os alunos a um novo patamar de compreensão sobre sua cultura e seu papel nessa sociedade.
Desdobramentos do plano:
Este plano de aula pode ser desdobrado em várias direções. Após a coleta e apresentação dos dados, os alunos podem ser incentivados a desenvolver projetos comunitários voltados para a produção sustentável de farinha, criando estratégias para otimizar o uso de recursos da comunidade. Por exemplo, a partir dos dados obtidos, os alunos podem propor melhorias nas práticas de colheita e produção, como a utilização de técnicas matemáticas para prever a época da colheita ou a quantidade de farinha que trata de ser produzida para atender à demanda do mercado local.
Outra possibilidade de desdobramento é aprofundar discussions em sala de aula sobre a relação entre cultura e matemática, levando os alunos a reconhecerem a diversificação de práticas matemáticas em diferentes culturas ao redor do mundo. Essa compreensão vai além de seus contextos locais e dá aos alunos uma visão mais ampla sobre a importância da matemática na resolução de problemas e na promoção de práticas de justiça social.
Além disso, o plano pode ser expandido para integrar outras disciplinas, como Ciências e Língua Portuguesa, onde os alunos podem study the processo químico envolvido na produção de farinha de mandioca e desenvolver habilidades de escrita, criando relatórios ou histórias fictícias sobre as experiências vividas durante a coleta de dados e a análise.
Orientações finais sobre o plano:
Ao implementar este plano de aula, é fundamental que o professor esteja preparado para adaptar as atividades com base na realidade da turma e nas particularidades da comunidade local. A conexão com a cultura dos alunos é essencial para a construção do conhecimento, sendo necessário respeitar a diversidade cultural e as diferentes formas de conhecimento que os alunos trazem consigo.
Além disso, estimule a participação ativa e o protagonismo dos alunos em todo o processo. Convidá-los a liderar discussões e a compartilhar experiências anteriores pode tornar a aula ainda mais dinâmica e colaborativa. Prepare-se para responder dúvidas e relacionar as descobertas dos alunos aos conceitos matemáticos abordados, promovendo um aprendizagem significativo.
Por fim, ao encerrar a aula, incentive os alunos a refletirem sobre o aprendizado e sobre como podem aplicar o conhecimento matemático em suas rotinas diárias e em práticas culturais. Essa reflexão ajuda a consolidar o conhecimento adquirido durante a aula e estimula o desenvolvimento de um caráter crítico em relação à importância da matemática na sociedade.
5 Sugestões lúdicas sobre este tema:
1. Caminhada Matemática: Organize uma caminhada pela comunidade onde os alunos podem observar e registrar unidades de medida informais, como a quantidade de farinha produzida em diferentes estabelecimentos. O objetivo é promover a observação e o registro criativo.
2. Jogo da Conversão: Crie um jogo em que os alunos devem converter diferentes medidas informais para medidas oficiais (por exemplo, quantos quilos são 3 balaios de farinha). Esta atividade pode ser realizada em grupos, promovendo a competição saudável.
3. Teatro de Sombras: Organize uma apresentação em que os alunos dramatizem a história da produção de farinha, utilizando medidas e dados coletados durante a pesquisa de campo. Além de promover habilidades de comunicação, a atividade permite que os alunos interpretem o que aprenderam.
4. Desafio Gráfico: Crie um desafio em que os alunos devem produzir grafos e tabelas usando dados reais. Utilize softwares de edição gráfica para trazer o trabalho a um nível mais moderno e digital, permitindo que os alunos manifestem a matemática de maneira visual.
5. Feira da Etnomatemática: Organize uma feira escolar onde os alunos apresentarão suas descobertas sobre a farinhada, com gráficos, tabelas e dados coletados. Convidar outros alunos e até familiares para conhecer os projetos desenvolvidos pode promover um engajamento maior com a disciplina e com a cultura local.
Essas sugestões expandem as possibilidades de ensino e torná-las mais envolventes e divertidas, garantindo que o aprendizado da etnomatemática seja reforçado e valorizado ao longo das atividades.