“Ancestralidade nas Religiões Africanas: Cultura e Espiritualidade”
A proposta deste plano de aula é abordar a ancestralidade nas religiões africanas, complementando a discussão sobre a vida e a morte nas diversas tradições que surgem desse riquíssimo campo cultural. A religiosidade afro-brasileira e suas perspectivas nos ensinam sobre a continuidade entre passado e presente, revelando as crenças e práticas que mostram como os ancestrais continuam a influenciar os vivos. A conexão com a ancestralidade é fundamental para entender como as culturas africanas se entrelaçam e se estabelecem nas diversas áreas, incluindo a espiritualidade, ética e modos de ser no mundo.
Tema: Ancestralidade nas Religiões Africanas
Duração: 45 minutos
Etapa: Ensino Fundamental 2
Sub-etapa: 9º Ano
Faixa Etária: 14/15 anos
Objetivo Geral:
Analisar a manifestação da ancestralidade nas religiões africanas e seus impactos nas concepções de vida e morte, promovendo um entendimento mais profundo sobre a diversidade cultural e religiosa.
Objetivos Específicos:
1. Identificar e descrever os principais elementos de ancestralidade nas religiões africanas.
2. Refletir sobre como a ancestralidade influencia as práticas religiosas e a ética cultural.
3. Promover o respeito e a valorização das diferentes tradições religiosas, compreendendo suas contribuições para a sociedade contemporânea.
Habilidades BNCC:
Para esta aula, serão trabalhadas as seguintes habilidades do 9º ano no Ensino Religioso:
– (EF09ER03) Identificar sentidos do viver e do morrer em diferentes tradições religiosas, através do estudo de mitos fundantes.
– (EF09ER04) Identificar concepções de vida e morte em diferentes tradições religiosas e filosofias de vida, por meio da análise de diferentes ritos fúnebres.
– (EF09ER05) Analisar as diferentes ideias de imortalidade elaboradas pelas tradições religiosas (ancestralidade, reencarnação, transmigração e ressurreição).
Materiais Necessários:
– Projetor multimídia e computador.
– Folhas de papel e canetas coloridas.
– Textos e vídeos sobre as religiões africanas e suas concepções de vida e morte.
– Materiais para a construção de cartazes (papel, tesoura, cola).
Situações Problema:
1. Qual é a importância da ancestralidade nas religiões africanas?
2. Como as práticas religiosas se relacionam com as concepções de vida e morte?
3. Que aprendizagens podemos tirar da diversidade das tradições religiosas africanas?
Contextualização:
As religiões africanas compreendem um conjunto de crenças e práticas diversificadas, que estão profundamente enraizadas na ancestralidade. Histórias de mitos fundantes são passadas de geração em geração, influenciando as identidades culturais e sociais dos grupos. Neste sentido, a ancestralidade não representa apenas um elo com o passado, mas também uma estrutura que sustenta as relações sociais no presente, especialmente no que se refere à vida e à morte.
Desenvolvimento:
1. Abertura da aula: Introduzir o tema, questionando os alunos sobre o que eles entendem por ancestralidade e seu significado nas religiões africanas.
2. Apresentação teórica: Utilizar um projetor para exibir slides sobre as principais crenças nas religiões africanas, abordando conceitos de ancestralidade, rituais fúnebres, e as práticas de culto aos ancestrais.
3. Discussão: Dividir a turma em grupos e apresentar a cada um uma religião africana diferente (como o Candomblé, a Umbanda, e as religiões tradicionais africanas). Os alunos devem pesquisar como a ancestralidade se manifesta nessas tradições, destacando os ritos fúnebres e os princípios éticos que delas derivam.
4. Apresentação dos grupos: Cada grupo apresentará suas descobertas para a sala, promovendo um espaço de diálogo sobre as diferenças e semelhanças entre as tradições.
Atividades sugeridas:
1. Atividade 1: Painéis sobre as religiões africanas.
– Objetivo: Criar um painel coletivo representando a ancestralidade nas religiões africanas.
– Descrição: Em grupos, os alunos devem escolher um aspecto de ancestralidade das religiões africanas e criar um cartaz, que contemple imagens, textos explicativos e conexões com a contemporaneidade.
– Materiais: Papel, canetas, revistas para recorte, imagens impressas.
– Adaptação: Para alunos com dificuldades motoras, a atividade pode ser realizada individualmente com o uso de recursos digitais.
2. Atividade 2: Mapa da ancestralidade.
– Objetivo: Visualizar as conexões entre ancestralidade e as práticas religiosas africanas.
– Descrição: Criar um mapa mental, onde cada aluno desenha ou escreve as relações entre a ancestralidade e as práticas culturais de uma religião africana específica.
– Materiais: Papel A3, colagem de imagens, canetas coloridas.
– Adaptação: Estudantes que necessitam de suporte visual poderão usar recortes prontos.
3. Atividade 3: Dramaturgia de rituais.
– Objetivo: Recriar um ritual fúnebre a partir da pesquisa realizada.
– Descrição: Os alunos deverão encenar um ritual de uma das religiões africanas estudadas, respeitando seus elementos e tradições.
– Materiais: Fantasias, adereços e instrumentos que possam ser utilizados para a encenação.
– Adaptação: Alunos com dificuldades de saúde podem participar como narradores ou em papéis secundários.
Discussão em Grupo:
Encaminhar uma discussão sobre as percepções dos alunos em relação aos aspectos emocionais e culturais envolvidos na representação da ancestralidade e a importância da memória coletiva. Perguntar como isso se reflete nas práticas religiosas contemporâneas e como podemos respeitar e valorizar as diferenças culturais.
Perguntas:
1. Quais são as principais características das várias religiões africanas que estudamos?
2. Como as tradições ancestrais influenciam as práticas religiosas atuais?
3. De que forma podemos aplicar os aprendizados sobre ancestralidade na construção de uma sociedade mais respeitosa com a diversidade cultural?
Avaliação:
A avaliação será feita através da observação da participação dos alunos nas atividades em grupo, a clareza e a profundidade das apresentações e a qualidade dos painéis produzidos. Um feedback individual também será dado na apresentação de cada grupo, enfatizando a capacidade de reflexão e o respeito às diferenças culturais.
Encerramento:
Finalizar a aula promovendo uma reflexão coletiva sobre como a ancestralidade é importante não apenas nas religiões africanas, mas também em outras culturas. Pedir que cada aluno compartilhe um aspecto que mais os impactou e que levem para casa a ideia de que o respeito às tradições, crenças e práticas de outras culturas é essencial para a convivência em sociedade.
Dicas:
– Incentive a pesquisa prévia em casa, de modo que os alunos tragam materiais que enriquecerão a discussão da aula.
– Propor que os alunos assistam a um documentário curto sobre religiosidade africana para complementar a formação teórica.
– Oferecer um espaço para que alunos que são de cultura africana ou que possuem conhecimentos sobre o tema partilhem com a turma suas vivências e saberes.
Texto sobre o tema:
A ancestralidade é um componente crucial na compreensão das religiões africanas, visto que elas estão intrinsecamente ligadas à vida cotidiana e à construção da identidade cultural dos povos. As tradições ancestrais refletem uma forma de conexão que é tanto espiritual quanto prática, mostrando a continuidade entre as gerações e a maneira como os ensinamentos e a sabedoria dos antepassados ainda dialogam com os desafios contemporâneos. Cultos a ancestrais, rituais de passagem e a reverência aos que vieram antes são centrais para a manutenção da história e da cultura de muitos povos africanos.
Na África, assim como na diáspora, a morte não é vista como um fim, mas sim como uma transição, uma passagem para outra fase da existência. Na maioria das religiões africanas, há uma crença na vida após a morte que promove laços com os antepassados. Os mortos são frequentemente invocados nas celebrações e rituais, sendo considerados protetores e guias espirituais. Essa relação com a ancestralidade não se restringe apenas ao culto, mas é também uma maneira de ensinar e perpetuar valores, etos e modos de vida que sustentam a identidade comunitária.
Por meio de rituais e práticas, os indivíduos se conectam com sua linha de ancestralidade, reafirmando sua identidade dentro de uma coletividade e adquirindo um senso de pertencimento. Essa imersão nas tradições e na história familiar instiga um entendimento mais profundo sobre suas raízes e sobre os desafios contemporâneos que essas tradições devem enfrentar. Reconhecer a ancestralidade nas religiões africanas é uma maneira fundamental de respeitar e valorizar a rica tapeçaria cultural que compõe não apenas a história desta tradição, mas a diversidade humana como um todo.
Desdobramentos do plano:
Este plano de aula tem o potencial de ser expandido em diversas direções. Primeiro, os alunos poderão realizar uma pesquisa mais aprofundada sobre a história colonial e suas repercussões nas práticas religiosas africanas. O estudo dos aspectos históricos permitirá que os alunos compreendam as contendas enfrentadas por essas tradições e a resiliência dos povos africanos ao longo do tempo.
Outro desdobramento pode ser a articulação com a temática dos direitos humanos, discutindo como a ancestralidade e a religiosidade africana confrontam a questão da exclusão e discriminação. Promover um debate em sala de aula sobre o respeito pelas práticas e tradições de outros grupos pode facilitar uma maior conscientização sobre a diversidade cultural e a empatia nas interações diárias.
Além disso, os alunos podem propor e desenvolver um projeto de intervenção comunitária, que visa a promoção da cultura afro-brasileira através de eventos, palestras, e festivais. Assim, permitir que a comunidade escolar e local aprenda e vivencie práticas culturais africanas pode dar nova vida à discussão da ancestralidade e criar um espaço onde todos se sintam celebrados e respeitados.
Orientações finais sobre o plano:
No planejamento de atividades sobre ancestralidade nas religiões africanas, é crucial considerar o respeito e a sensibilidade cultural. Este tema possui boias intricadas que devem ser abordadas com um entendimento profundo e uma preocupação com a inclusão de vozes que frequentemente são silenciadas. É essencial que os alunos compreendam que discutir ancestralidade é também discutir identidade, pertencimento e resiliência.
Além disso, deve-se destacar que o vínculo com os ancestrais transcende a dimensão religiosamente específica e toca elementos de ética e moralidade que são relevantes em todos os cenários sociais. A prática do respeito à diversidade cultural não deve ser considerada uma mera formalidade, mas uma abordagem ativa que envolve a promoção da cultura e da memória coletiva.
Por fim, ao concluir esta aula, a intenção é que os estudantes não apenas aprendam sobre as tradições religiosas africanas, mas que desenvolvam uma apreciação mais profunda pela riqueza e complexidade da diversidade cultural. Isso inclui o entendimento de que a ancestralidade é, e sempre será, uma parte vital de todas as culturas e deve ser respeitada e valorizada em todos os contextos sociais.
5 Sugestões lúdicas sobre este tema:
1. Dança dos Ancestrais: Organizar uma atividade em que os alunos aprendem e dançam um estilo de dança africana que honra os ancestrais. O objetivo é compreender a importância da dança em rituais e celebrações. Utilize música tradicional africana e traga um especialista para explicar os passos e seu significado no contexto cultural.
2. Histórias de Ancestralidade: Criar um círculo de histórias onde cada aluno, de forma criativa, conta uma história inspirada em um ancestral fictício. O objetivo é falar sobre a influência desse ancestral em suas vidas e a lição aprendida. Os alunos poderão usar objetos simbólicos que representem seu ancestral como parte da apresentação.
3. Feira Cultural da África: Organizar uma feira onde os alunos montem estandes representando diferentes religiões africanas. Além de exposições, podem oferecer comidas típicas, máscaras, músicas e danças. Essa atividade culmina em um “Passeio Ancestral”, onde todos experimentam as variadas culturas africanas em um ambiente festivo.
4. Jogo dos Rituais: Criar um jogo de tabuleiro onde os jogadores avançam através de perguntas e respostas sobre rituais de diversas religiões africanas. O objetivo é aprender sobre a espiritualidade e a importância dos rituais de uma forma divertida e interativa, reforçando a aprendizagem além da sala de aula.
5. Oficina de Culminância: Ao final do estudo, promover uma oficina de arte onde os alunos poderão criar máscaras africanas ou outras representações artísticas que simbolizem a ancestralidade e a religiosidade. Cada aluno deve apresentar a peça feita, explicando seu significado e ligação com a ancestralidade.
Essas atividades lúdicas permitirão que os alunos explorem o tema de forma criativa e engajante, promovendo uma aprendizagem mais significativa e apreciativa das tradições africanas.
Este plano de aula tem por objetivo aprofundar as discussões sobre ancestralidade nas religiões africanas e suas significações, garantindo que os alunos tenham uma experiência de aprendizado rica, interativa e respeitosa com as diversas culturas.