“Desvendando a História da Educação dos Surdos: 5 Questões Importantes”

Questões sobre: historia da educação dos surdos

📚 Área: Multidisciplinar

🎓 Nível: Graduação

📊 Quantidade: 5 questões

Planejamentos de Aula BNCC Infantil e Fundamental

📝 Tipos: Múltipla escolha, Dissertativa, Completar lacunas, Associação

📅 Data de Criação: 07/10/2025

Avaliação sobre a História da Educação dos Surdos

Introdução

A educação dos surdos é um campo que evoluiu significativamente ao longo dos séculos, refletindo mudanças nas percepções sociais e científicas sobre a surdez. Desde a Idade Moderna até o século XVII, diversos educadores e filósofos contribuíram para o desenvolvimento de métodos de ensino, desafiando crenças limitantes e promovendo a inclusão da linguagem de sinais e da oralização.

Este conjunto de questões busca avaliar a compreensão do aluno sobre a história da educação dos surdos, destacando figuras históricas, metodologias de ensino e os contextos sociais em que essas práticas foram desenvolvidas. As questões variam em formato e abordagem, permitindo uma análise multidisciplinar do tema.

TEXTO BASE

O Surdo na Idade Moderna
É somente a partir do final da Idade Média que os dados com relação à educação e à vida do Surdo tornam-se mais disponíveis. É exatamente nesta época que começam a surgir os primeiros trabalhos no sentido de educar a criança surda e de integrá-la (ainda não é inclusão) na sociedade.
Até o século XV, os surdos – bem como todos os outros deficientes – tornaram-se alvo da Medicina e da religião católica. A primeira estava mais interessada em suas pesquisas e a segunda, em promover a caridade com pessoas tão desafortunadas, pois para ela a doença representava punição.
No ocidente, os primeiros educadores de Surdos de que se tem notícia, começam a surgir a partir do século XVI. Um deles foi o médico, matemático e astrólogo italiano Gerolamo Cardano (1501 – 1576), cujo primeiro filho era surdo. Cardano afirmava que a surdez não impedia os Surdos de receberem instrução. Ele fez tal afirmação depois de pesquisar e descobrir que a escrita representava os sons da fala ou das ideias do pensamento.
Outro foi Pedro Ponce de Leon (1510 – 1584), monge beneditino que viveu em um monastério na Espanha, em 1570, e usava sinais rudimentares para se comunicar, pois lá havia Voto de Silêncio.
Strnadová, uma autora checa Surda, nos conta em seu livro, Como é Ser Surdo, que foi desta forma que se teve o registro da primeira vez que se fez o uso do alfabeto manual: “Não conversavam entre si em voz alta, porém seus dedos tagarelavam. Eram monges, mas não eram bobos”. Acreditamos que a privação de comunicação que existia neste mosteiro possibilitou a criação de outra forma de expressão, não muito diferente do que observamos na convivência com os surdos.
Há registros de que uma família espanhola teve muitos descendentes Surdos por ter o costume, já mencionado anteriormente, de se casarem entre si para não dividirem os bens com estranhos. Dois membros dessa família foram para o mosteiro de Ponce de Leon e lá, junto dele, deram origem à língua de Sinais.
Ponce de Leon foi tutor de muitos Surdos e foi dado a ele o mérito de provar que a pessoa Surda era capaz, contrariando a afirmação anterior de Aristóteles. Seus alunos foram pessoas importantes que dominavam Filosofia, História, Matemática e outras ciências, o que fez com que o trabalho de Leon fosse reconhecido em toda a Europa.
Pelo pouco que restou de registro de seu método, sabemos que seu trabalho iniciava com o ensino da escrita, por meio dos nomes dos objetos, em seguida o ensino da fala, começando pelos fonemas.
Os nobres, que tinham em sua família um descendente Surdo, começaram a educá-lo, pois os primogênitos Surdos não tinham direito à herança se não aprendessem a falar, o que colocava em risco toda a riqueza da família. Se falassem teriam garantidos sua posição e seu reconhecimento como cidadão.
No século XVI, a grande revolução se deu pela concepção de que a compreensão da ideia não dependia da audição de palavras.
Em 1620, o padre espanhol Juan Pablo Bonet (1579 – 1633), filólogo e soldado a serviço secreto do rei, considerado um dos primeiros preceptores de Surdos, criou o primeiro trabalho de ensino de “surdos mudos” que iniciava com a escrita sistematizada pelo alfabeto, que foi editado na França com o nome de Redação das Letras e Artes de Ensinar os Mudos a Falar. Bonet foi quem primeiro idealizou e desenhou o alfabeto manual. Ele, em seu livro, destaca como ideia principal que seria mais fácil para o Surdo aprender a ler se cada som da fala fosse substituído por uma forma visível.
Alguns estudiosos da língua também se dedicaram ao ensino dos Surdos e um exemplo é o holandês Van Helmont (1614 – 1699) que propunha a oralização do Surdo por meio do alfabeto da língua hebraica, pois, segundo ele, as letras hebraicas indicavam a posição da laringe e da língua ao reproduzir cada som. Helmont foi quem primeiro descreveu a leitura labial e o uso do espelho, que posteriormente foi aperfeiçoado por Amman sobre quem mencionaremos a seguir.
Jacob Rodrigues Pereira (1715 – 1780) foi um educador de Surdos português (emigrou para a França ainda criança) que, embora usasse a Língua de Sinais com fluência, defendia a oralização dos surdos. Seu trabalho consistia na “desmutização” por meio da visão (usava um alfabeto digital especial e manipulava os órgãos da fala de seus alunos). Educou doze alunos, todos eles usuários de linguagem oral. Existem relatos que colocam em risco o seu método, ressaltando que ele era professor somente de alunos que não eram completamente surdos o que facilitava a oralização. Temos alguns estudos que indicam que a escrita não era vista como inserção do sujeito na sociedade, mas sim como uma tentativa de substituir o que lhe faltava, a fala.
Johann Conrad Amman (1669 – 1724) foi um médico e educador de Surdos suíço que aperfeiçoou os procedimentos de leitura labial por meio de espelhos e tato, percebendo as vibrações da laringe, método usado até hoje em terapias fonoaudiológicas. Para Amman, o foco do seu trabalho era o Oralismo, pois acreditava que os Surdos eram pouco diferentes dos animais, devido à incapacidade de falar. Acreditava que “na voz residiria o sopro da vida, o espírito de Deus”. Era contra o uso da Língua de Sinais, acreditando que seu uso atrofiava a mente, impossibilitando o Surdo de, no futuro, desenvolver a fala por meio do pensamento. O segredo de seu método só foi descoberto após a sua morte. Relatos demonstram que usava o paladar para a aquisição da fala.
No século XVII, era percebido o grande interesse que os estudiosos tinham pela educação dos Surdos, principalmente porque tinham descoberto que esse tipo de educação possibilitava ganhos financeiros, pois as famílias abastadas que tinham descendentes Surdos pagavam grandes fortunas para que seus filhos aprendessem a falar e escrever.
Isso é observado em Thomas Braidwood (1715 – 1806), educador de Surdos inglês. Em 1760, findou, em Edimburgo, a primeira escola na Grã-bretanha como academia privada. Em 1783, transferiu-se para Londres e recomendou o uso de um alfabeto onde se utilizassem as duas mãos que ainda hoje está em uso na Inglaterra. Seus alunos aprendiam palavras escritas, seu significado, sua pronúncia e a leitura orofacial, além do alfabeto digital. Outras escolas que usavam o mesmo método que Braidwood eram organizadas por sua família e seu método era mantido em segredo para garantir seu monopólio. Quando Kinniburg (um de seus “discípulos”) aprendeu o método com Braidwood, foi obrigado a manter segredo e pagar sempre metade do que ganhava ao “dono” do método. Certa vez, Kinniburg foi procurado por Thomas Gallaudet (1787 – 1851), educador ouvinte americano, que queria levar o método para os Estados Unidos, mas Kinniburg não aceitou a proposta.
O abade Charles-Michel de L’Eppée (1712 – 1789) foi um educador filantrópico francês que ficou conhecido como “Pai dos Surdos” e também um dos primeiros que defendeu o uso da Língua de Sinais. “Reconheceu que a língua existia, se desenvolvia e servia de base comunicativa essencial entre os Surdos”. L’Eppée teve a disponibilidade de aprender a Língua de Sinais para poder se comunicar com os Surdos. Criou a primeira escola pública no mundo para Surdos em Paris, o Instituto Nacional para Surdos-Mudos, em 1760. L’Eppée fazia demonstrações de seus alunos em praça pública, assim arrecadava dinheiro para continuar seu trabalho. Estas apresentações consistiam em perguntas feitas por escrito aos Surdos, confirmando que seu método era eficaz. L’Eppée tinha grande interesse na educação religiosa dos Surdos e sabia que para isso era importante que fosse desenvolvida uma forma de comunicação que fizesse os conhecimentos sagrados possíveis. L’Eppée referia-se à Língua de Sinais com respeito e a obra mais importante dele foi publicada em 1776 com o título A Verdadeira Maneira de Instruir os Surdos-Mudos. O século XVII é considerado por muitos o período mais próspero da educação dos Surdos. Neste século, houve a fundação de várias escolas para Surdos. Além disso, qualitativamente, a educação do Surdo também evoluiu, já que, através da Língua de Sinais, eles podiam aprender e dominar diversos assuntos e exercer diversas profissões.

Questões

Questões de Avaliação: História da Educação dos Surdos

  1. Qual a principal contribuição de Ponce de Leon para a educação dos surdos, segundo o texto?

    A) Ele criou o primeiro alfabeto manual.

    B) Ele foi o primeiro a afirmar que a surdez não impedia a instrução.

    C) Ele defendia o uso exclusivo da Língua de Sinais.

    D) Ele fundou a primeira escola pública para surdos.

    E) Ele desenvolveu um método de leitura labial.

    Dificuldade: Médio

  2. Disserte sobre as implicações sociais da educação dos surdos entre os séculos XVI e XVII, com base no texto. (10 linhas)

  3. Complete a lacuna com a alternativa correta: O abade Charles-Michel de L’Eppée é conhecido como o “Pai dos Surdos” porque __________.

    A) fundou a primeira escola pública para surdos.

    B) idealizou o primeiro alfabeto manual.

    C) era um defensor da medicina como cura para a surdez.

    D) foi o primeiro a ensinar matemática aos surdos.

    E) não acreditava na eficácia da Língua de Sinais.

  4. Associe os educadores de surdos às suas respectivas contribuições, de acordo com o texto:

    • A) Gerolamo Cardano – 1) Criador do alfabeto manual
    • B) Juan Pablo Bonet – 2) Defensor da oralização
    • C) Jacob Rodrigues Pereira – 3) Afirmou que surdos podem aprender
    • D) Charles-Michel de L’Eppée – 4) Fundador da primeira escola pública

    Dificuldade: Médio

  5. Sobre a visão médica e religiosa em relação aos surdos até o século XV, é correto afirmar que:

    A) A medicina acreditava na cura da surdez como um dom divino.

    B) A religião católica via a surdez como uma punição.

    C) Os surdos eram tratados como cidadãos iguais.

    D) A educação dos surdos era amplamente reconhecida.

    E) Não havia interesse da medicina pela surdez.

    Dificuldade: Médio

Gabarito Comentado

  1. Resposta correta: B

    Justificativa: Ponce de Leon é mencionado como o educador que provou que a surdez não impedia a capacidade de aprender, desafiando a visão de Aristóteles.

  2. Resposta: A resposta deve abordar os aspectos sociais, como a luta por reconhecimento e inclusão das pessoas surdas, a importância da educação para a herança e status social, e a evolução do entendimento sobre a surdez ao longo do tempo.

  3. Resposta correta: A

    Justificativa: Charles-Michel de L’Eppée é reconhecido por ter fundado a primeira escola pública para surdos, promovendo a educação deles através da Língua de Sinais.

  4. Resposta correta:

    A) 3, B) 1, C) 2, D) 4. Justificativa: Cada educador é associado à sua respectiva contribuição conforme descrito no texto.

  5. Resposta correta: B

    Justificativa: O texto menciona que a religião católica via a surdez como uma punição, enquanto a medicina estava mais focada em pesquisas do que no cuidado.

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