“5 Questões Difíceis sobre Filosofias da História para o 7º Ano”

Questões sobre: Filosofias da História

📚 Área: Ciências Humanas

🎓 Nível: 7º Ano – Ensino Fundamental II

📊 Quantidade: 5 questões

Planejamentos de Aula BNCC Infantil e Fundamental

📝 Tipos: Múltipla escolha

📅 Data de Criação: 26/08/2025

TEXTO BASE

Título: Filosofias da História

Neste ponto, é imprescindível examinar esta questão: o que é indivíduo? Quando utilizamos essa palavra, principalmente no universo das Ciências Sociais, referimo-nos aos seres humanos singulares, com seu modo particular de ser, suas características específicas de personalidade, seus projetos pessoais, suas expectativas e escolhas no mundo. Nota-se, então, que as noções de sociedade e indivíduos contêm distinções significativas. A esfera social contempla o que é comum, normatizando as relações entre seres humanos e estabelecendo formas de agir, sentir e pensar que não dependem diretamente de iniciativas individuais. A esfera individual, por seu turno, pressupõe desejos, ambições e decisões pessoais, definidas pelos próprios indivíduos no exercício de sua liberdade.

Na teoria de Durkheim, sabemos que há notável primazia da sociedade sobre os indivíduos. Afinal, esse sociólogo define os fatos sociais como coercitivos, exteriores e gerais, isto é, como realidade sociocultural que se impõe aos seres humanos individuais – a despeito de suas vontades – sendo produzida independentemente das consciências individuais e aplicando-se a todos os indivíduos. De acordo com a interpretação desse sociólogo, portanto, o modo de vida individual dos seres humanos é antecipadamente definido pela sociedade, caracterizando predomínio bastante acentuado do social sobre o individual. Para Karl Marx, a sociedade organiza-se com base nas relações socioeconômicas – relações materiais de produção –, pois a separação entre proprietários e não proprietários de meios de produção divide a sociedade em classes sociais – no capitalismo, as principais classes são a burguesia e os trabalhadores assalariados. Nesse contexto, entende-se que a visão de mundo, as expectativas, as preferências e os valores dos indivíduos desenvolvem-se no horizonte de suas classes sociais. Em outras palavras, a condição de classe condiciona as individualidades. Max Weber, comparativamente a Marx e Durkheim, concede maior destaque às iniciativas individuais em sociedade. Na concepção weberiana da vida social, é atribuída relevância fundamental às ações praticadas pelos indivíduos, conforme suas ideias, crenças e expectativas. Sob esse prisma, são os próprios indivíduos que, posicionando-se culturalmente, escolhem os sentidos de suas condutas, que resultam em interações sociais responsáveis por ocasionar a dinâmica da sociedade.

Na atualidade, pelo menos aparentemente, somos indivíduos livres, que efetuamos escolhas, assumimos decisões e consequências e definimos os caminhos de nossa existência. Decidimos qual será a nossa atividade profissional, com quem nos relacionamos amorosamente, quais são os grupos e as instituições que frequentamos, como nos vestimos e qual é o estilo de vida que nos agrada. Também elaboramos projetos de vida, que podemos reformular com o passar do tempo. Entretanto, essa concepção de liberdade individual parece não avaliar a hipótese de que muito do que fazemos, pensamos, sentimos, somos, entre outros fatores, expressa, na realidade, a influência da sociedade sobre nós. Nesse sentido, é razoável que se façam alguns questionamentos. Para tanto, recorreremos aos exemplos com os quais nos referimos à concepção de liberdade individual. Escolhemos nossas profissões com completa liberdade? Não. Afinal, nem todos os indivíduos de diferentes classes sociais têm diante de si o mesmo leque de possibilidades – muitas vezes, os empecilhos econômicos inviabilizam escolhas com maior grau de liberdade. Mesmo em situações nas quais uma pessoa possua situação socioeconômica que lhe proporcione condições adequadas para definir seu futuro profissional pode-se indagar se sua escolha é realmente derivada de um projeto integralmente individual. É plausível argumentar que muitas opções, ainda que aparentemente individuais, cedem a pressões da sociedade, à busca por prestígio social ou às expectativas familiares em relação aos indivíduos.

Por meio dessas anotações, não pretendemos negar completamente a efetividade da liberdade individual, mas sim demonstrar a complexidade das relações entre sociedade e indivíduos. Essas articulações entre sociedade e indivíduos são mediadas, principalmente, nas sociedades modernas e contemporâneas, por grupos sociais variados – categorias profissionais, instituições religiosas, movimentos sociais, entidades recreativas, entre tantos outros.

Sendo assim, devemos notar que, muitas vezes, as prescrições da sociedade são desafiadas pelos indivíduos, e essas contestações, quando se articulam em profundas mobilizações sociais, podem conduzir a profundas modificações históricas. Por outro lado, as sociedades sempre dispõem de meios para inibir comportamentos considerados desviantes – que se afastam dos seus padrões – e, quando eles acontecem, castigar os seus autores. Quanto a este último aspecto, estamos tratando do controle social exercido sobre os indivíduos. O que é controle social? O sociólogo Peter Berger, em seu livro Perspectivas sociológicas: uma visão humanística, define esse conceito sociológico nos termos seguintes: Controle social, portanto, consiste nos mecanismos utilizados pela sociedade para evitar condutas contrárias às suas normas, promovendo o ajuste de indivíduos potencialmente contestadores sob a ameaça de alguma forma de punição social. Esse controle é praticado tanto no plano geral da sociedade quanto por grupos sociais específicos. São meios de controle social: o uso da violência, a pressão econômica, a persuasão, o ridículo, a difamação e o opróbrio. Na sequência, discorreremos brevemente sobre eles. Quando pensamos no uso da violência, costumamos associá-la a atitudes criminosas em que se aplica a força física para agredir a vítima. Em muitas situações, contudo, a violência é praticada como forma de controle social. Em uma ocasião, por exemplo, em que um grupo de pessoas, revoltadas com um roubo ou alguma atitude similar, também usa a força física para defender-se ou defender alguém, praticando agressão contra o suposto autor do delito, temos uma situação violenta que pode ser compreendida como meio de controle social. Porém, em casos como esse, a utilização da violência também será uma transgressão de normas da sociedade, já que, sob o ponto de vista legal, o indivíduo supostamente criminoso deve ser julgado e, se considerado culpado, punido pelos órgãos do Poder Judiciário. O fato é que somente o Estado – poder político institucionalizado – tem o direito juridicamente assegurado de utilizar a violência, empregando-a como forma de controle social. Em outras palavras, o Estado tem o monopólio legal do uso da violência, podendo empregá-la contra indivíduos que desafiam leis e normas politicamente estabelecidas em uma sociedade. Ao lermos essa informação, ficamos, inicialmente, propensos a acreditar que ela se refere exclusivamente às modalidades políticas ditatoriais, a saber, àqueles regimes políticos autoritários, nos quais não se pode criticar as medidas governamentais sem o risco de perseguição, prisão e privação completa da liberdade. Sabemos, afinal, que Estados com governos autoritários se utilizam de instrumentos, isto é, de ações, para reprimir seus opositores, aplicando formas diversas de violência, tais como prisão, torturas e assassinatos. Entretanto, ainda que o recurso à violência seja mais frequente e intenso em regimes políticos ditatoriais, é necessário prestar atenção ao conteúdo desta afirmação: todos os Estados têm o monopólio legal da violência. O Estado, portanto, a despeito de sua configuração política específica, sempre está autorizado, legalmente, a empregar, se necessário, a coerção física para garantir o cumprimento das leis. Assim, mesmo nos países politicamente democráticos, em que prevalece o respeito aos direitos individuais, aos movimentos sociais e à liberdade de expressão, o Estado tem o direito de usar medidas de força para evitar o descumprimento dos princípios constitucionais e da ordem sociopolítica legalmente instituída. O mecanismo de pressão econômica é muito comum em ambientes empresariais. Pensemos no seguinte exemplo: a gestão de uma empresa demite parte de seus trabalhadores e aumenta a quantidade de trabalho daqueles que permanecem contratados, sem nenhuma contrapartida salarial. É razoável supor que essa medida gere um ambiente de insatisfação entre os trabalhadores. Todavia, talvez a maioria não verbalize seu aborrecimento ou não comunique sua contrariedade com a situação. Por quê? A contestação à decisão da administração da empresa pode resultar na demissão do seu autor.

Sobre a persuasão, trata-se de um meio de controle notável em circunstâncias nas quais o ponto de vista de uma pessoa contraria, inicialmente, a visão predominante de um grupo sobre alguma questão. Nesse contexto, é comum que o indivíduo seja convencido a mudar seu posicionamento, modificando ou, pelo menos, moderando sua opinião, para não ser marginalizado pelo grupo social. E quanto ao ridículo? É também uma forma de controle social em muitos círculos sociais, uma vez que, frequentemente, as pessoas desistem de fazer algo, de praticar uma conduta bastante distinta dos padrões em função do temor de serem ridicularizadas por causa do seu comportamento. Esse mecanismo encontra-se disseminado nos mais diversos grupos e nas mais variadas situações sociais. Em um exemplo muito simples: um jovem pensa em se vestir de forma muito distinta das tendências da moda e dos padrões sociais, mas desiste quando projeta a ridicularização a que poderia ser submetido pelas demais pessoas. A ridicularização é um meio de controle social muito semelhante à difamação e ao opróbrio, pois esses diferentes mecanismos implicam a ameaça de marginalização e, no limite, de exclusão dos indivíduos pelos grupos sociais nos quais estão originariamente inseridos. A difamação consiste no ataque à reputação de uma pessoa, que ocorre por meio da difusão de notícias e comentários que afetam negativamente sua imagem na sociedade. É utilizada, muitas vezes, contra indivíduos cujos comportamentos não seguem exatamente os costumes de um grupo social ou da sociedade. Seu potencial como forma de controle social reside no fato de desestimular os seres humanos propensos a romper com padrões sociais, pressionando-os a desistir dessas condutas divergentes em favor da preservação de seu prestígio na sociedade.

Conjunto de Questões de Avaliação

Área de conhecimento: Ciências Humanas

Nível de ensino: 7º Ano – Ensino Fundamental II

Quantidade de questões: 5

Tipos de questões: Múltipla escolha

Níveis de dificuldade: Difícil

  1. Qual é a principal característica que diferencia os indivíduos da sociedade, segundo o texto?

    Escolha a alternativa correta:

    • A) Os indivíduos têm características comuns que os unem à sociedade.
    • B) Os indivíduos são definidos apenas pelas normas sociais que seguem.
    • C) Os indivíduos são seres singulares com suas próprias expectativas e projetos.
    • D) A sociedade é composta apenas por indivíduos que possuem a mesma classe social.
    • E) O modo de vida dos indivíduos é completamente independente da sociedade.
  2. De acordo com a teoria de Durkheim, qual é a relação entre sociedade e indivíduos?

    Escolha a alternativa correta:

    • A) A sociedade é irrelevante para o desenvolvimento das individualidades.
    • B) Os indivíduos sempre têm liberdade total para agir sem influências externas.
    • C) Os fatos sociais são coercitivos e impõem um modo de vida aos indivíduos.
    • D) A sociedade apenas reflete as escolhas individuais sem interferir nelas.
    • E) A individualidade é mais importante que os laços sociais na formação da identidade.
  3. Qual é a visão de Marx em relação às classes sociais e a individualidade?

    Escolha a alternativa correta:

    • A) As classes sociais não influenciam as escolhas individuais.
    • B) A individualidade é definida apenas por fatores culturais.
    • C) As relações de produção organizam a sociedade e influenciam as individualidades.
    • D) A liberdade individual é totalmente garantida em qualquer classe social.
    • E) A burguesia é a única classe que possui expectativas e valores próprios.
  4. Como Max Weber se diferencia de Marx e Durkheim em sua análise da sociedade?

    Escolha a alternativa correta:

    • A) Weber ignora as ações individuais e foca apenas na sociedade.
    • B) Para Weber, a ação individual é irrelevante para a dinâmica social.
    • C) Weber destaca a importância das ações individuais e suas crenças na sociedade.
    • D) Weber acredita que a sociedade molda completamente os indivíduos.
    • E) Weber defende que a estrutura social é mais importante que as iniciativas individuais.
  5. Qual é um dos meios de controle social mencionado no texto que pode inibir comportamentos desviantes?

    Escolha a alternativa correta:

    • A) O apoio social.
    • B) A liberdade de expressão.
    • C) A violência, a difamação e a pressão econômica.
    • D) A promoção da diversidade.
    • E) A aceitação das diferenças individuais.

Gabarito Comentado

1. C) Os indivíduos são seres singulares com suas próprias expectativas e projetos.

Justificativa: O texto destaca que os indivíduos possuem características únicas e sua própria maneira de ser, diferenciando-se da sociedade que normatiza comportamentos.

2. C) Os fatos sociais são coercitivos e impõem um modo de vida aos indivíduos.

Justificativa: Segundo Durkheim, os fatos sociais operam de maneira coercitiva, moldando o comportamento dos indivíduos independentemente de suas vontades.

3. C) As relações de produção organizam a sociedade e influenciam as individualidades.

Justificativa: Marx argumenta que a estrutura de classes e relações econômicas moldam as expectativas e valores dos indivíduos.

4. C) Weber destaca a importância das ações individuais e suas crenças na sociedade.

Justificativa: A análise de Weber enfatiza que os indivíduos, com suas crenças e ações, desempenham um papel ativo na formação da dinâmica social.

5. C) A violência, a difamação e a pressão econômica.

Justificativa: O texto menciona esses mecanismos como formas de controle social que podem reprimir comportamentos que fogem dos padrões estabelecidos.



Botões de Compartilhamento Social