Questões Dissertativas sobre Ética e Política no Pensamento de Maquiavel
Questões sobre: Ética e Política
Questões de Avaliação – 9º Ano – Ciências Humanas
O estudo da ética e da política é fundamental para compreender a obra de Nicolau Maquiavel, que propõe uma análise crítica e provocativa sobre a natureza do poder e das relações humanas. As questões a seguir foram elaboradas para avaliar a compreensão dos alunos sobre os conceitos apresentados no texto e a capacidade de reflexão sobre a influência de Maquiavel no pensamento político contemporâneo.
As questões a seguir exploram as ideias centrais do texto, bem como a relação entre ética e política, segundo a perspectiva maquiavélica. São questões dissertativas que exigem dos alunos uma análise crítica e argumentativa, permitindo que eles demonstrem seu entendimento sobre os princípios discutidos por Maquiavel.
TEXTO BASE
Título: Ética e Política
Para Maquiavel, diferentemente dos filósofos medievais, valores religiosos e princípios morais cristãos não devem interferir na análise de questões políticas. A política tem que ser interpretada em sua dimensão realmente humana, e não com base em parâmetros da religiosidade. Além disso, o poder político não é, na prática, orientado pela moralidade vigente na sociedade.
Partindo de suas observações históricas, Maquiavel defende teses originais e polêmicas. No capítulo XVII de O príncipe, ele formula a seguinte indagação: “para o governante, é melhor ser temido ou amado?”. Sua resposta para essa questão fundamenta-se em seu conceito de natureza humana. Segundo esse filósofo, os seres humanos revelam-se invariáveis ao longo da história, ou melhor, são sempre predominantemente egoístas, ingratos, dissimulados, interesseiros e ambiciosos. Em uma expressão resumida: os seres humanos não são confiáveis.
Sendo assim, o governante não deve contar com a amizade e lealdade sincera dos súditos ou cidadãos. Para Maquiavel, o amor das pessoas governadas pelos governantes é sempre circunstancial e interessado, definido pelas conveniências do momento. Portanto, diante de uma situação de contrariedade, quando seus interesses não são atendidos, sua amizade pelo governante tende a desaparecer. Nesse caso, então, os governados são capazes de contestar a sua autoridade, de se rebelar contra o poder político estabelecido.
Portanto, Maquiavel conclui que, entre o temor e o amor, o governante deve preferir ser temido, dado que o medo contribui para a continuidade de seu poder. Não se trata de desprezar o amor. Se o governante puder, ao mesmo tempo, inspirar amor e temor nos cidadãos, melhor será para a estabilidade da ordem sociopolítica. Segundo o filósofo, o que deve ser evitado são o ódio e o desprezo, pois os governados movidos por esses sentimentos são propensos a conspirar contra o governante.
Quais as relações entre ética e política no pensamento de Nicolau Maquiavel? Sublinhamos, anteriormente, que esse filósofo rejeita o ponto de vista, defendido por Platão e Aristóteles, de que a política é naturalmente destinada ao bem comum, assim como afasta a concepção medieval de interferência da moralidade cristã nas relações sociopolíticas. Nessa perspectiva, habitualmente se diz que Maquiavel separa ética e política, considerando que a atividade política não se regula pelos valores morais existentes na sociedade. Porém, talvez seja mais apropriado afirmar que esse filósofo concebe a política movida por uma moralidade própria, diferente dos princípios morais valorizados nas demais relações sociais.
Maquiavel, conforme destacamos, compreende a política sob o prisma do exercício do poder. Nesse horizonte, define-se o seu conceito de virtude política, que envolve as relações entre livre-arbítrio e fortuna. O governante não deveria basear suas ações em suposições, mas ter uma visão ampla e astuta. Em vez de pautar-se por virtudes morais, deveria estar atento aos efeitos da fortuna e avaliar as ações segundo o que for necessário para a manutenção do poder.
Essa visão de Maquiavel revela-se abertamente em suas considerações acerca da prática da crueldade e do valor de um compromisso publicamente assumido. As ações cruéis de um governante são justificadas? Ele deve, invariavelmente, cumprir os compromissos assumidos, realizar suas promessas? A aplicação da crueldade justifica-se quando as circunstâncias a exigem como método de preservação da autoridade política. Nessa mesma linha de raciocínio, a efetivação ou não de compromissos anteriormente assumidos depende de seus prováveis resultados: as promessas devem ser cumpridas somente se a sua realização não for prejudicial à continuidade do poder do governante. Caso contrário, devem ser descartadas. Afinal, a virtude reside exatamente na avaliação das situações e na escolha dos procedimentos favoráveis à estabilidade do poder político.
Questões
-
Questão 1: Com base no texto, explique a visão de Maquiavel sobre a natureza humana e como isso afeta a relação entre governantes e governados. (Resposta esperada: 8-10 linhas)
-
Questão 2: Analise a afirmação de que “é melhor ser temido do que amado” no contexto da obra de Maquiavel. Quais as implicações dessa afirmação para a prática política? (Resposta esperada: 8-10 linhas)
-
Questão 3: Discuta a ideia de que a política e a ética são separadas no pensamento de Maquiavel. Em sua opinião, é possível que exista uma moralidade própria na política? Justifique sua resposta. (Resposta esperada: 8-10 linhas)
-
Questão 4: Maquiavel menciona que as promessas devem ser cumpridas apenas se não prejudicarem a continuidade do poder. O que isso revela sobre sua visão do compromisso político? (Resposta esperada: 8-10 linhas)
-
Questão 5: Reflita sobre a influência do pensamento maquiavélico na política contemporânea. De que maneira as ideias de Maquiavel ainda são relevantes nos dias atuais? (Resposta esperada: 8-10 linhas)
Gabarito
As respostas são dissertativas e devem ser avaliadas com base na clareza, na argumentação, na capacidade de relacionar os conceitos do texto e na profundidade da análise apresentada pelos alunos.