“Brincadeira na Educação Infantil: Inclusão e Aprendizado”
A presente proposta de plano de aula foi elaborada com o intuito de promover a brincadeira como um importante instrumento de aprendizado na Educação Infantil. As atividades estão especialmente direcionadas para crianças pequenas, tendo como foco principal a interação social, expressões corporais e o desenvolvimento da linguagem. Em razão das características exclusivas de uma criança autista com dificuldades de ouvir “não”, as práticas foram planejadas para facilitar a comunicação e a inclusão, criando um ambiente acolhedor onde o respeito às individualidades seja sempre priorizado.
Neste contexto, a brincadeira assume um papel essencial na vida da criança, atuando não apenas como uma forma de lazer, mas também como um canal de aprendizagem. Brincar ajuda as crianças a explorar o mundo ao seu redor, a desenvolver a criatividade e a aprimorar habilidades sociais e motoras. Portanto, espera-se que ao final do plano de aula, as crianças apresentem maior interação, além de um entendimento mais profundo de como as emoções e comportamentos podem ser expressos de maneira adequada e respeitosa.
Tema: Brincadeira
Duração: 30 minutos
Etapa: Educação Infantil
Sub-etapa: Crianças pequenas
Faixa Etária: 2 anos
Objetivo Geral:
Estimular a interação social e a comunicação entre as crianças por meio de brincadeiras lúdicas, respeitando as diversidades e promovendo a inclusão de todos os alunos, especialmente de crianças com dificuldades auditivas.
Objetivos Específicos:
– Favorecer a expressão de sentimentos e ideias das crianças através de atividades recreativas.
– Incentivar comportamentos de cooperação e empatia entre os alunos durante as brincadeiras.
– Ampliar as habilidades de comunicação não-verbal, especialmente para as crianças com dificuldades auditivas.
Habilidades BNCC:
– (EI03EO01) Demonstrar empatia pelos outros, percebendo que as pessoas têm diferentes sentimentos, necessidades e maneiras de pensar e agir.
– (EI03CG01) Criar com o corpo formas diversificadas de expressão de sentimentos, sensações e emoções, tanto nas situações do cotidiano quanto em brincadeiras.
– (EI03EF01) Expressar ideias, desejos e sentimentos sobre suas vivências, por meio da linguagem oral e escrita ou outras formas de expressão.
Materiais Necessários:
– Brinquedos variados (bonecos, blocos de montar, instrumentos musicais).
– Materiais artísticos (papel colorido, giz de cera, tinta).
– Espaço amplo para a realização das brincadeiras.
– Cartazes ilustrativos com expressões faciais e situações emocionais.
Situações Problema:
– Como podemos nos comunicar sem usar muitas palavras?
– Que formas de brincadeiras ajudam a expressar o que sentimos?
– De que maneira podemos brincar respeitando as diferenças de cada um?
Contextualização:
As crianças pequenas aprendem muito por meio do brincar. Elas absorvem situações do cotidiano e expressam suas emoções, medos e alegrias em brincadeiras. Muitos aspectos do desenvolvimento infantil acontecem nesse processo, e as interações são fundamentais para a construção de relações saudáveis e respeitosas. Em especial para uma criança autista com dificuldade em ouvir não, as brincadeiras devem ser pensadas com cuidado para incluir a comunicação não verbal e encorajar a expressão de emoções.
Desenvolvimento:
– Boas-vindas: Reunir todos os alunos em um círculo e iniciar a atividade com uma apresentação leve. O professor pode usar expressões faciais coloridas, gestos e exemplos visuais para facilitar a compreensão.
– Roda de expressões: Uma atividade de reconhecimento emocional onde o professor apresentará cartazes com expressões faciais e situações que geram diferentes sentimentos, como alegria, tristeza, medo e raiva. Cada criança será convidada a escolher um cartaz e expressar o que vê, utilizando gestos ou sons.
– Brincadeiras em grupo: Propor brincadeiras como “estátua”, onde as crianças devem dançar e parar quando a música parar. Este jogo ajuda a desenvolver o controle do corpo e promova a comunicação entre as crianças.
– Desenho coletivo: Oferecer papel grande em que as crianças podem desenhar juntas. Encorajar que cada um desenhe algo que represente uma emoção e, ao final, possam explicar seus desenhos em grupo. Esta atividade também promove a comunicação e a cooperação.
Atividades sugeridas:
– Atividade 1: Criando Sons
*Objetivo*: Trabalhar com sons e música.
*Descrição*: As crianças deverão explorar diferentes instrumentos musicais. Cada criança escolhe um instrumento e, juntos, exploram formas de produzir sons diferentes.
*Instruções*: O professor deve estimular a exploração individual e orientar sobre como os sons podem expressar sentimentos. Sugestão de materiais: chocalhos, pandeiros, xilofones.
*Adaptação*: Para a criança com dificuldade em ouvir “não”, permitir que ela escolha um instrumento que a cativar, sem imposições.
– Atividade 2: A Dança das Emoções
*Objetivo*: Trabalhar a expressão corporal.
*Descrição*: Desenvolver uma dança onde cada movimento possa representar uma emoção. O professor pode dar exemplos (como pular para a alegria ou ficar parado para a tristeza).
*Instruções*: Criar um ambiente com música e sugerir movimentos que as crianças possam imitar.
*Adaptação*: Permitir que a criança autista acompanhe respeitando seu espaço e seu ritmo.
– Atividade 3: Teatro de Fantoches
*Objetivo*: Promover storytelling e expressões de sentimentos.
*Descrição*: Usar fantoches ou bonecos para contar histórias simples, onde os alunos participam e mostram as emoções dos personagens.
*Instruções*: Criar uma história em grupo e distribuir fantoches. As crianças devem representar o que os personagens sentem.
*Adaptação*: Para a criança com dificuldades, pode-se fazer o convite à participação de forma não verbal, utilizando gestos.
Discussão em Grupo:
Ao final das atividades, reunir as crianças em círculo e permitir que compartilhem suas experiências. Conversar sobre como se sentiram durante as brincadeiras e se têm alguma dúvida ou algo que gostariam de acrescentar sobre o que aprenderam.
Perguntas:
– O que você sentiu quando estava dançando?
– Como você se sentiu ao tocar o instrumento?
– O que significa a diversão para você?
Avaliação:
A avaliação será feita através da observação do envolvimento das crianças nas atividades, da participação e interação entre elas. Observar como as crianças comunicam suas emoções durante as brincadeiras e se estão utilizando as habilidades de empatia, cooperação e expressão.
Encerramento:
Finalizar a aula com um agradecimento a todos os alunos, reforçando a importância da brincadeira como uma maneira de se conhecer e expressar. O professor pode também convidar as crianças a ‘levar para casa’ a experiência da aula, pensando em como podem brincar de forma simples e divertida.
Dicas:
– Sempre observar e adaptar a abordagem às necessidades expressas pelas crianças, especialmente em casos de dificuldades de comunicação.
– Criar um ambiente seguro e acolhedor, permitindo que todos se sintam à vontade para se expressar à sua maneira.
– Incentivar a participação de todos, respeitando os tempos e ritmos individuais de cada aluno.
Texto sobre o Tema:
A brincadeira é uma atividade essencial para o desenvolvimento infantil. É através dela que as crianças aprendem sobre si mesmas, sobre o mundo e sobre as relações ao seu redor. Neste contexto, a brincadeira funciona como um espaço seguro onde podem explorar suas emoções, desafiar seus limites e socializar com os outros. Em especial para crianças com necessidades especiais, como aquelas que estão dentro do espectro autista, a brincadeira pode ser uma janela para novas formas de comunicação e compreensão. A oferta de um ambiente de aprendizado que respeite as individualidades, permite que cada criança encontre sua própria forma de interagir e aprender a partir dos outros.
Integrações lúdicas também favorecem a empatia, um conceito fundamental nas interações sociais. Quando a criança é incentivada a se colocar no lugar do outro, ela aprenderá valorizar as diferentes formas de sentir e expressar emoções. Isso é crucial para desenvolver uma sociedade mais inclusiva e acolhedora. A utilização de diferentes formas de expressão durante as brincadeiras, como a música, a dança e as artes visuais, enriquece este processo e permite que as crianças se expressem de maneira diversificada. Através da união de sons, cores, gestos e sorrisos, as crianças constroem experiências que vão muito além da simples diversão.
O professor tem um papel importante nesse contexto, atuando como mediador das interações e das aprendizagens. Ele deve ser um facilitador, responsável por criar um clima de respeito e acolhimento entre os alunos. É fundamental que conheça cada criança e suas particularidades, buscando sempre adaptar as actividades para que todos se sintam incluídos. Também é essencial lembrar que o aprendizado durante a infância deve ser algo prazeroso e que, quando a brincadeira é realizada de forma consciente, traz grandes ensinamentos que as crianças levarão consigo ao longo da vida.
Desdobramentos do Plano:
Com a temática da brincadeira bem estruturada, o professor pode aproveitar a proposta inicial para desdobrar novas atividades que continuem a explorar o tema. Por exemplo, é possível introduzir uma sequência de contos e histórias que abordem emoções e sentimentos através de personagens lúdicos. Isso não só facilita a identificação dos alunos com os sentimentos, mas também os encoraja a expressar suas próprias vivências e emoções. Assim, o professor pode trabalhar com a leitura de histórias e, a partir delas, criar atividades relacionadas, como o teatro de fantoches e rodas de conversa que gravitam em torno dos acontecimentos da narrativa.
Além disso, outro desdobramento interessante envolve a utilização de materiais recicláveis para criação de brinquedos, incentivando a criatividade e a conscientização ambiental. As crianças podem trabalhar em grupos para desenvolver seus brinquedos, e a atividade pode culminar numa “festa de brinquedos”, onde exibirão suas criações para os colegas. Este tipo de atividade reforça a cooperação e a empatia, já que as crianças aprenderão a valorizar o trabalho dos colegas e compreendê-los em suas individualidades.
Por fim, a integração de tecnologia pode ser um recurso válido para engajar as crianças e expandir as possibilidades de interação. Aplicativos ou plataformas educativas que trabalham com sons, expressões e movimentos podem enriquecer as atividades, proporcionando uma experiência diferenciada. Nesse aspecto, é importante orientar que a tecnologia deve ser utilizada como um complemento à prática, e não como substituto das interações humanas básicas que são fundamentais em atividades lúdicas.
Orientações Finais sobre o Plano:
O presente plano de aula tem como foco central a inclusão e a expressão durante o brincar, devendo sempre respeitar as individualidades dos alunos. A elasticidade do conteúdo é uma característica fundamental; o professor deve estar preparado para adaptar as atividades às necessidades emergentes da turma, principalmente para atender crianças com dificuldades de comunicação. A observação atenta do engajamento e da resposta das crianças durante as atividades pode fornecer insumos valiosos para futuras planejadas.
As atividades propostas também devem garantir um ambiente acolhedor e estimulante, incentivando que cada criança se sinta importante e respeitada em sua singularidade. Com essa abordagem, o guiamento da dinâmica de grupo e das interações individuais se torna um elemento chave de aprendizado. Este planejamento, ao abordar a brincadeira com seriedade e cuidado, permite que o jogo se transforme em uma ferramenta valiosa para o desenvolvimento socioemocional e cognitivo das crianças.
Por último, é vital concluir esta experiência com uma reflexão em grupo, onde se dê oportunidade ao aluno para expor suas impressões sobre o que sentiu e aprendeu em cada atividade. As crianças devem ser motivadas a expor suas reflexões, pois esse momento é fundamental para consolidar o que compreenderam sobre si mesmas e sobre o outro. O professor pode também trazer registros visuais da atividade realizada, ajudando todas as crianças a se lembrarem dos momentos vivenciados em conjunto.
5 Sugestões Lúdicas sobre Este Tema:
1. Circuito de Emoções:
*Objetivo*: Trabalhar a expressão de emoções através de movimentação.
*Material*: Almofadas coloridas para representar diferentes emoções (feliz, triste, bravo).
*Condução*: Organizar as almofadas em um circuito. As crianças devem pular de almofada em almofada, expressando a emoção correspondida. Pode ser adaptado com músicas ou sons que remetam a cada emoção.
2. Mímica de Animais:
*Objetivo*: Desenvolver a expressão corporal e a comunicação não-verbal.
*Material*: Desenhos de animais.
*Condução*: Cada criança escolhe um animal e deve representá-lo sem usar palavras. Os demais alunos terão que adivinhar quem é. A atividade pode ser conduzida em círculo, observando cada mímica para fomentar a participação.
3. Troca de Cartinhas de Emoções:
*Objetivo*: Comunicar sentimentos de forma escrita e visual.
*Material*: Papéis coloridos, canetinhas, e adesivos.
*Condução*: Distribuir papéis e crianças criar cartinhas que expressem algo que sentem. Elas podem decorar e, depois, trocar com os coleguinhas, praticando a comunicação de sentimentos através da escrita.
4. Jogo do Silêncio:
*Objetivo*: Incentivar a concentração e a percepção do corpo.
*Material*: Música suave.
*Condução*: As crianças andam pelo espaço e, ao parar a música, devem congelar, criando formas diferentes com os corpos. O aluno que quebrar o silêncio será convidado a expressar um sentimento sobre a atividade.
5. Brincadeira dos Sons:
*Objetivo*: Explorar a diversidade de sons e a expressão sonora.
*Material*: Brinquedos sonoros e materiais recicláveis.
*Condução*: Incentivar as crianças a criar suas próprias produções sonoras, usando tanto os brinquedos como materiais recicláveis. Cada aluno poderá apresentar seu som e explicar o que ele representa na sua forma de expressão.
Estes formatos de atividade criam um ambiente onde as crianças são incentivadas a explorar suas capacidades, interagir com o outro e se divertir ao mesmo tempo. Além disso, todas as atividades propostas têm a flexibilidade necessária para atender as necessidades específicas de aprendizado de diferentes alunos, numa abordagem dinâmica e inclusiva.