Plano de Aula: Deficiência Visual (percepção tátil) – Crianças Pequenas
A inclusão de crianças com deficiência visual em ambientes educacionais tem se tornado cada vez mais essencial, promovendo a diversidade e o respeito às diferentes necessidades de aprendizagem. Este plano de aula foi cuidadosamente elaborado para atender crianças na faixa etária de 2 anos em um contexto de Educação Infantil, onde trabalharemos aspectos relacionados ao tato, percepção e à visão, explorando como essas capacidades se manifestam de diferentes formas nas vivências diárias dos pequenos.
O enfoque deste plano é proporcionar experiências enriquecedoras que favoreçam o desenvolvimento integral da criança, por meio de atividades que estimulam a empatia, a comunicação e o autoconhecimento. Dessa forma, as crianças poderão explorar o mundo ao seu redor, percebendo as nuances de seus sentidos em um espaço seguro e acolhedor.
Tema: Deficiência Visual
Duração: 2 dias
Etapa: Educação Infantil
Sub-etapa: Crianças Pequenas
Faixa Etária: 2 anos
Objetivo Geral:
Promover o desenvolvimento da percepção tátil e a valorização das diferentes maneiras de perceber o ambiente, considerando as especificidades das crianças com deficiência visual.
Objetivos Específicos:
– Fomentar a empatia e compreensão das diferenças entre os colegas.
– Estimular a autoexpressão e o autocuidado durante as atividades.
– Proporcionar experiências de exploração dos sentidos, favorecendo a aquisição de conhecimento sobre o corpo e o ambiente.
– Desenvolver a comunicação de ideias e sentimentos relacionados às experiências vivenciadas.
Habilidades BNCC:
– (EI03EO01) Demonstrar empatia pelos outros, percebendo que as pessoas têm diferentes sentimentos, necessidades e maneiras de pensar e agir.
– (EI03CG01) Criar com o corpo formas diversificadas de expressão de sentimentos, sensações e emoções, tanto nas situações do cotidiano quanto em brincadeiras.
– (EI03EF01) Expressar ideias, desejos e sentimentos sobre suas vivências, por meio da linguagem oral e escrita (escrita espontânea), de fotos, desenhos e outras formas de expressão.
– (EI03TS02) Expressar-se livremente por meio de desenho, pintura, colagem, dobradura e escultura, criando produções bidimensionais e tridimensionais.
Materiais Necessários:
– Materiais táteis (texturas variadas como lixa, algodão, papel crepom, tecido, etc.).
– Objetos sonoros (sinos, chocalhos, instrumentos de percussão).
– Materiais para arte (papéis coloridos, tintas, pincéis, tesouras sem ponta).
– Livros ilustrativos sobre a deficiência visual (focados no respeito à diversidade).
– Espelhos e objetos que reflitam luz para explorações visuais mais dinâmicas.
– Bandejas ou suporte para cada atividade.
Situações Problema:
– Como podemos expressar o que sentimos e percebemos quando não podemos ver?
– O que é ser diferente e como podemos aprender com essas diferenças?
– Como usar nossos outros sentidos para explorar o mundo ao nosso redor?
Contextualização:
Neste plano de aula, partimos do pressuposto que a deficiência visual não limita a capacidade de experimentar e aprender. Ao contrário, as crianças podem vivenciar a realidade de forma rica e diversificada, sendo estimuladas a reconhecer e valorizar suas habilidades e dos outros. O ambiente deve ser estruturado para permitir a exploração livre, onde o toque e o som assumem papéis de destaque nas experiências educativas.
Desenvolvimento:
Os dois dias do plano de aula são divididos em atividades práticas e exploratórias, intercaladas com momentos de reflexão e comunicação.
Atividades sugeridas:
Dia 1: Explorando Texturas e Sons
1. Atividade de Tato
Objetivo: Reconhecer diferentes texturas através do toque.
Descrição: Distribuir uma variedade de materiais texturizados. Cada criança deve tocar e descrever o que sente. Utilize palavras como “áspero”, “suave”, “frio”, etc.
Instruções: Após a exploração, promova um momento de compartilhamento onde as crianças falam sobre as texturas e suas sensações.
Materiais: Lixas, tecidos, algodão, papel crepom.
Adaptação: Para crianças com menos mobilidade, leve os materiais até elas e promova a interação sensorial assistida.
2. Atividade de Sons
Objetivo: Identificar sons diferentes e associá-los a objetos.
Descrição: Apresente instrumentos sonoros e pergunte sobre os sons que eles fazem. Depois, permita que as crianças experimentem tocar os instrumentos.
Instruções: Durante a atividade, estimule a elaboração de uma pequena orquestra com os instrumentos.
Materiais: Sinos, chocalhos, tambores pequenos.
Adaptação: Crie uma roda de sons, onde cada criança tem a chance de fazer um som enquanto os outros tentam adivinhar o que é.
Dia 2: Criando Arte e Contando Histórias
1. Atividade Artística
Objetivo: Usar elementos táteis para criar uma obra de arte.
Descrição: As crianças criarão uma colagem utilizando os materiais coletados no primeiro dia, aproveitando as diferentes texturas para a suas criações.
Instruções: Forneça adesivo e papéis para colagem. Incentive compras sobre o que estão criando à medida que montam suas colagens.
Materiais: Papel de diversas texturas, colas, tesouras.
Adaptação: Para crianças que têm dificuldade com o uso de tesouras, forneça papéis já cortados em formas e texturas.
2. Atividade de Contação de Histórias
Objetivo: Estimular a narração de histórias e a expressão de sentimentos.
Descrição: Utilize livros ilustrativos com táteis e imagens em relevo para contar uma história que aborda a deficiência visual.
Instruções: Após a leitura, converse sobre a história e peça que cada criança relate como se sentiu durante as passagens.
Materiais: Livros ilustrativos, fantoches.
Adaptação: Incentive a improvisação, permitindo que as crianças criem suas próprias versões e vivenciem a narrativa com fantoches.
Discussão em Grupo:
Após as atividades, conduza uma roda de conversa. Incentive as crianças a compartilharem o que aprenderam sobre os diferentes sentidos e como isso muda a forma como vemos os outros. Pergunte se alguém conhece alguém com deficiência visual e como pode ser o dia a dia dessa pessoa.
Perguntas:
– Como você se sente quando pode tocar algo novo?
– O que você acha que é especial em não poder ver?
– Como você pode ajudar um amigo que tem dificuldades de ver?
Avaliação:
A avaliação deve ser contínua e formativa, observando a participação, a interação e a capacidade de comunicação das crianças. Nota se as crianças estão sendo empáticas e cooperativas com os colegas e se estão se expressando sobre o que aprenderam.
Encerramento:
Finalize o plano refletindo sobre a importância de respeitar e incluir a diversidade. Deixe as crianças com a ideia de que aprender a ver com o coração é tão importante quanto com os olhos.
Dicas:
Estimule sempre o diálogo aberto entre as crianças, promovendo um espaço de acolhimento. Ao final dos dois dias de atividades, disponibilize um espaço para que as crianças encenem um pequeno teatro onde exploram os sentimentos em relação às diferenças.
Texto sobre o tema:
A deficiência visual, longe de ser uma limitação, nos convida a repensar nosso conceito de percepções e aprendizagens. A sensação de toque e os sons que nos cercam são nossa porta de entrada para a realidade. Neste contexto, a educação desempenha um papel primordial, buscando criar ambientes inclusivos e adaptáveis às diversas necessidades dos alunos. Ao trabalhar com crianças pequenas em situações que envolvem a deficiência visual, somos desafiados a ampliar nossa visão sobre o que significa aprender. Por meio da exploração de texturas, sons e interações, os educadores podem ajudar os alunos a reconhecer e valorizar a diversidade. É fundamental que criemos experiências que possibilitem que todas as crianças, com ou sem deficiências, possam se sentir respeitadas e acolhidas.
As atividades que propomos são instrumentos valiosos para que as crianças se conectem de forma lúdica com a temática da deficiência visual. Através do tato, podem reconhecer características dos objetos ao seu redor, enquanto, com a audição, começam a desenvolver um entendimento mais profundo sobre como cada um percebe o mundo de sua própria maneira. Essa valorização das percepções é um passo importante para que as crianças compreendam melhor a maneira como os outros vivem, além de serem oportunidades para se fortalecer a empatia. Portanto, o universo das deficiências não deve ser visto com receio, mas sim como uma riqueza de possibilidades.
Ao final, é essencial refletir sobre a importância dessa troca no ambiente escolar. Promover uma educação que não apenas respeite, mas também valorize as diferenças, deve ser o desiderato de todos os educadores. Observar crianças interagindo e aprendendo umas com as outras, adotando comportamentos que refletem a aceitação e a valorização do outro, é o maior testemunho do impacto de um trabalho pedagógico bem realizado.
Desdobramentos do plano:
É importante que os desdobramentos deste plano não se restrinjam ao espaço físico da sala de aula. As experiências de aprendizado podem e devem atravessar os limites escolares, permitindo que as crianças se conectem com suas famílias e com o mundo fora da escola. Realizar visitas a locais acessíveis para deficientes visuais, como museus com exposições táteis, pode abrir novas referências para os pequenos, ajudando-os a ver (ou sentir) mais além do que estão habituados.
Além disso, numa segunda instância, a formação contínua dos educadores sobre as necessidades das crianças com deficiência visual é fundamental. Promover encontros periódicos entre educadores pode resultar em trocas de experiências valiosas que enriquecerão ainda mais as práticas pedagógicas. É sempre bom lembrar que cada criança apresenta um nível de envolvimento e entendimento sobre a deficiência visual de seu contexto, e cada relato ou vivência tem o potencial de gerar significativa reflexão.
Por fim, as atividades que aqui foram apresentadas podem ser adaptadas e utilizadas em diversos momentos do calendário escolar. O objetivo é que crianças e educadores estejam sempre dispostos a aprender e a ensinar sobre a importância do respeito e da inclusão. Somente assim, conseguimos construir um espaço educacional que celebre a diversidade em todas as suas formas.
Orientações finais sobre o plano:
Este plano de aula não é apenas uma proposta pedagógica, mas um convite à transformação da percepção sobre a deficiência e suas implicações nas relações sociais. O respeito à diversidade deve ser cultivado desde cedo, e o papel dos educadores é fundamental nesse processo. Ao introduzirmos a discussão sobre a deficiência visual em aulas para crianças pequenas, precisamos abordar topics de forma sutil e construtiva, inserindo princípios de aceitação e aprendizado.
Um aspecto relevante nas orientações finais é a necessidade de adequação das atividades e discussões ao nível de entendimento das crianças. É importante que o educador se sinta confortável em moldar os conteúdos conforme o desenvolvimento da turma, podendo adaptar a complexidade dos conceitos apresentando-os de uma maneira simples e acessível. Por exemplo, o uso de histórias que envolvam personagens com deficiência pode tornar a aprendizagem mais palpável e gerar empatia entre as crianças.
Por último, sempre incentive as crianças a comunicarem como se sentem diante das atividades propostas e a darem feedback sobre suas experiências. Essa interação é vital para que o educador compreenda as necessidades e os sentimentos dos alunos, promovendo assim um ambiente cada vez mais inclusivo e estimulante para todos.
5 Sugestões lúdicas sobre este tema:
1. Brincadeiras com vendas
Objetivo: Sensibilizar as crianças sobre a deficiência visual e promover a confiança.
Descrição: Organize uma brincadeira onde as crianças ficam vendadas e precisam se locomover dentro de um espaço delimitado, com a ajuda de um amigo. Esse exercício estimula a percepção auditiva e tátil, além de promover a confiança.
Materiais: Vendas para os olhos, obstáculos macios para formar o espaço.
2. Caça ao tesouro tátil
Objetivo: Estimular a exploração e os sentidos do tato.
Descrição: Esconda materiais de diferentes texturas em um espaço determinado e peça que as crianças encontrem usando apenas o toque. Podem ser objetos do cotidiano.
Materiais: Objetos com texturas variadas, bandejas para guardar os materiais.
3. Música e movimento
Objetivo: Trabalhar a percepção sonora.
Descrição: Coloque músicas e permita que as crianças explorem movimentos livres, imitando sons que ouvem, seja com o corpo ou com objetos sonoros.
Materiais: Instrumentos de percussão, música.
4. Jogo das emoções
Objetivo: Explorar e identificar sentimentos de maneira lúdica.
Descrição: Crie cartões com emoções desenhadas (com texturas diferentes). As crianças devem tocar cada cartão e adivinhar a emoção representada, podendo então imitar a expressão de rosto.
Materiais: Cartões de papel com texturas, fita adesiva, espelhos.
5. Histórias em movimento
Objetivo: Contar histórias de forma interativa.
Descrição: Escolha contos que abordem a deficiência visual e promova uma encenação aberta onde as crianças representam partes da história, utilizando o corpo e a voz.
Materiais: Livros de histórias acessíveis, objetos para caracterização.
Com estas atividades, pretende-se enriquecer a experiência de aprendizagem das crianças, incentivando a inclusão, a empatia, e o desenvolvimento de habilidades fundamentais que são essenciais à formação de uma sociedade mais justa e solidária.