“5 Questões Desafiadoras sobre Movimentos Sociais para o 9º Ano”

Introdução

O estudo dos movimentos sociais é essencial para compreendermos a dinâmica das relações entre o Estado e a sociedade civil. Através desses movimentos, diferentes grupos sociais buscam reivindicar seus direitos e promover mudanças significativas em suas condições de vida e na estrutura da sociedade. Essa análise sociológica permite entender o papel das desigualdades e dos preconceitos na mobilização coletiva e na luta por justiça social.

As questões a seguir foram elaboradas para avaliar a compreensão dos alunos sobre os conceitos abordados nas ciências humanas, especialmente em relação à política, movimentos sociais e desigualdades. Os alunos deverão aplicar o conhecimento adquirido para responder a cada pergunta com atenção e discernimento.

TEXTO BASE

Título: Movimentos Sociais
Em linguagem política, Estado é o conjunto de instituições que exerce o poder político em uma sociedade. O poder estatal é legalmente assegurado pelo monopólio do uso da força. O que isso significa? Para que as regras sociopolíticas vigentes sejam cumpridas pelos cidadãos, o Estado pode, no limite, utilizar coerção – por exemplo, recorrendo às forças policiais e punindo juridicamente aqueles que desrespeitam as leis com a restrição de sua liberdade.

Mesmo em países em que vigora a democracia representativa, com respeito aos direitos individuais, à liberdade de expressão e às mobilizações sociais, o Estado tem a possibilidade legal de, em algumas situações, aplicar a força para preservar a ordem social. Isso não quer dizer, porém, que o poder estatal a exerça constantemente. Aliás, a legitimidade do poder político é assegurada, em larga medida, pela capacidade do Estado de atender às expectativas da sociedade civil.
E o que é sociedade civil? Trata-se dos complexos vínculos econômicos, políticos e culturais que se desenvolvem na vida em sociedade. A sociedade civil tem instituições que não pertencem ao Estado, como sindicatos de trabalhadores, associações recreativas, empresas, escolas, locais de culto, entre muitas outras. As relações entre essas instituições podem apresentar expectativas contrárias, o que gera conflitos entre classes sociais e grupos com interesses e visões de mundo diferentes; por isso, no interior da sociedade civil, essas relações não são completamente harmônicas.

Da sociedade civil, por seu turno, surgem reivindicações sociais que pressionam o Estado para que seus interesses sejam atendidos no plano político. Muitas vezes, quando os anseios de determinados grupos sociais se expressam com intensidade em mobilizações sociais, os representantes do poder estatal acolhem, pelo menos em parte, suas solicitações, traduzindo-as em mudanças sociopolíticas. Em outras palavras, os conflitos, a relação de forças e as manifestações da sociedade civil influenciam a elaboração de medidas políticas por parte do Estado.
E essa pressão de segmentos da sociedade civil sobre o Estado realiza-se legalmente pela atuação de movimentos sociais. Afinal, o que são movimentos sociais? Em linguagem sociológica, a definição mais usual dessa expressão se refere a esforço, organização e práticas de grupos da sociedade, com o propósito de conseguir mudanças em aspectos culturais, econômicos e políticos da sociedade ou mesmo de transformar o conjunto da vida social. Os movimentos sociais são decorrentes da insatisfação de setores da sociedade com algumas de suas características ou com a realidade social em seu todo, suas estruturas básicas: eles aspiram à realização de mudanças avaliadas como necessárias para eliminar situações que consideram injustas na sociedade.

Dessa forma, o exame sociológico dos movimentos sociais deve reconhecer que, em sua base, verificam-se os seguintes aspectos: relações conflituosas na sociedade; desigualdades sociais que levam parcela significativa da população a se perceber como injustiçada e privada de direitos; e descompasso entre as expectativas de certos grupos e as normas existentes na sociedade.
Os movimentos sociais dos trabalhadores.
Os primeiros movimentos sociais da época contemporânea foram realizados por trabalhadores assalariados, principalmente operários de fábricas, em sociedades industriais capitalistas. O capitalismo industrial surge marcado pela contradição entre a grande produção de riquezas e a miséria dos trabalhadores. Nesse contexto de acentuada desigualdade, movimentos sociais surgem, em sociedades europeias dos séculos XVIII e XIX, como resposta às péssimas condições de vida dos trabalhadores: jornadas de trabalho extenuantes e salários extremamente baixos; enfim, condições de trabalho e de vida aviltantes.

Os primeiros protestos significativos de operários acontecem na Inglaterra, em fins do século XVIII e início do século XIX, quando grupos de trabalhadores invadem fábricas e danificam suas máquinas, identificadas por eles como símbolo da deterioração de suas condições de vida. Os objetivos dessas manifestações não são muito bem definidos e apontam para a pretensão de um retorno ao estágio artesanal de produção. Essa mobilização repercute na sociedade, causando preocupação entre proprietários de indústrias e intensa repressão do Estado inglês.
No decorrer do século XIX, as mobilizações dos trabalhadores adquirem formas mais organizadas e apresentam uma pauta variada de reivindicações, defendendo desde mudanças sociais específicas, como regulamentação da jornada de trabalho, melhores salários e direito de participação política, até propostas de transformação revolucionária da sociedade, como a substituição do capitalismo pelo anarquismo ou pelo socialismo.

No módulo anterior, observamos que os movimentos sociais emergem a partir de situações de conflito e desigualdades existentes no interior das sociedades contemporâneas. Registramos, ainda, que a primeira forma sociopolítica desses movimentos procede de reivindicações dos trabalhadores, diante de suas precárias condições de trabalho e de vida, em países industriais dos séculos XVIII e XIX. No século XX, multiplicam-se os movimentos sociais e podemos notar essa diversidade na atualidade.
Discriminação e minorias.
Em tempos mais recentes, diferentes grupos sociais organizam-se em busca de transformações sociais e políticas que contemplem, de fato, seus direitos de cidadania. Para entender a mobilização desses setores específicos, é necessário considerar que as desigualdades sociais não têm sua raiz apenas em relações econômicas, isto é, não se resumem ao que, no vocabulário da Sociologia, chamamos de desigualdade de classes sociais – produzidas pelo capitalismo em seu processo de concentração de riquezas. Diferentes aspectos socioculturais, combinados com a estrutura econômica da sociedade, resultam em relações de poder e formas de desigualdade.

Em linhas gerais, muitas modalidades de desigualdade são provenientes de preconceitos construídos ao longo da história das sociedades humanas. A palavra preconceito refere-se a atitudes e opiniões que não se fundamentam em análise racional nem na observação das evidências de algo; ou seja, preconceito é um ponto de vista previamente concebido sobre um assunto ou uma situação, sem o exame devido. Em Sociologia, preconceito diz respeito a julgamentos negativos, por parte de determinados grupos sociais, classificando indivíduos como inferiores em virtude de certas características específicas. Quando um preconceito é dominante em uma sociedade, ele gera discriminação social de pessoas pertencentes a grupos qualificados socialmente de forma negativa. Discriminação é sinônimo de diferenciação, separação e classificação. Discriminação social consiste em práticas socioculturais que hierarquizam preconceituosamente os seres humanos, relegando determinados segmentos da sociedade a uma condição de inferioridade econômica, social e política.

A expansão e a diversificação dos movimentos sociais, sobretudo a partir do século XX, decorrem da organização das minorias em busca da realização de seus direitos de cidadania. Antes de darmos continuidade ao conteúdo, é imprescindível destacar o sentido em que, neste momento, estamos usando a palavra minorias.
Se, décadas atrás, a mobilização de manifestações sociais geograficamente mais ampla exigia tempo relativamente longo para seu planejamento e sua execução, nos dias atuais a instantaneidade da comunicação pelas redes sociais diminui muito o tempo necessário para essas articulações, oferecendo ainda a possibilidade de respostas rápidas dos movimentos sociais para acontecimentos públicos importantes. O ambiente virtual, enquanto espaço para atuação sociopolítica, constitui-se como um universo para divulgação de reivindicações e estruturação de movimentos sociais. Em alguns casos, movimentos sociais existentes conseguem maior penetração na sociedade por meio da comunicação virtual, assim como novos movimentos sociais podem surgir a partir da troca de informações pela internet. A rede mundial de computadores interligados facilita a composição internacional de movimentos sociais que, apesar de distantes sob o ponto de vista geográfico, sejam identificados por interesses comuns. Nota-se, em certos casos, uma inclinação à unificação das ações praticadas por movimentos sociais em diferentes regiões do planeta.

Questões

Gabarito